Relatório divulgado em 18 de setembro pela Unctad (organismo das Nações Unidas para o comércio e desenvolvimento) revela que o fluxo de investimentos estrangeiros diretos caiu pela metade em todo o mundo, na comparação entre os anos 2000 e 2001. Na América Latina, a redução foi de 11% (de US$ 95,4, para US$ 85,4 bilhões); Brasil, 31% (de US$ 32,8 bilhões, para US$ 22,4 bilhões); e nos países desenvolvidos, o golpe foi ainda maior, com recuo de 59,01%. De maneira geral, segundo o relatório, as causas para a diminuição dos investimentos são o menor número de fusões e aquisições, devido à desaceleração da economia mundial e à crise de confiança das empresas, num Planeta que inaugurou o Século XXI com o recrudescimento da violência e dos conflitos internacionais.
Estudo da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), relativo ao mesmo período focado pela Unctad, mostra que os problemas de 2001 não tiveram impacto negativo sobre os investimentos produtivos no Estado do de São Paulo. Em 2000, o anunciado foi de US$ 23,51 bilhões: em 2001, praticamente repetiu-se o número, com US$ 23,48 bilhões, ou seja, ínfima queda de 0,09%. Claro que a pesquisa do organismo paulista diz respeito a investimentos anunciados e a da ONU, a investimentos efetivados. A diferença, porém, não compromete o significado dos números sobre São Paulo, pois no item "investimentos anunciados em todo o Brasil", ou seja, na somatória de todos os Estados, houve recuo de US$ 265 bilhões, em 2000, para ÜS$ 156 bilhões, em 2001. E olha que São Paulo, por firme decisão de seu atual governo, disse taxativo não à guerra fiscal.
Também no tocante a investimentos realizados, o Estado registra boas notícias. No primeiro semestre de 2002, por exemplo, grandes empresas privada consolidaram inversões de US$ 1.15 bilhão no Interior, com a inauguração de fábricas da Nestlé. Coca-Cola, Basf. Sadia,
Toyota, Embraer, Unilever, Iber Oleff, Buy Química, Tecumseh e Draktel. Juntas, criaram 11.560 novos empregos diretos. Fica muito claro que as crises de 2001 não foram suficientes para abalar a confiança dos investidores, inclusive estrangeiros, na economia paulista: 31% das inversões anunciadas no Estado de São Paulo são do Exterior, especialmente Europa e Estados Unidos, seguindo-se a Ásia e América Latina.
'Além de evidenciar a confiança dos investidores, o estudo do Seade contém indicadores importantes de tendências. Um deles é que a Grande São Paulo e o Interior paulista equilibraram-se na capacidade de atrair investimentos (41% do valor anunciado são relativos à Região Metropolitana e 38,6%, ao Interior. Os restantes 20% são distribuídos em distintos municípios, das duas regiões). Isto evidencia uma política focada na redução das disparidades regionais. Outro fator revelado pelo estudo é que os serviços, pela primeira vez, superaram os investimentos destinados à indústria (53,7% do anunciado contra 44,4%). Ou seja, São Paulo começa a fazer lição de casa, já implementada no primeiro mundo, de gerar nos serviços, mercado de trabalho para a mão-de-obra remanescente do chamado desemprego estrutural da indústria. Os investimentos, embora um pouco menor em montante financeiro, são mais volumosos quanto ao número de empreendimentos: foram 1.062 anúncios em 2000 (média de US$ 22 milhões por empreendimento), ante 1.519 em 2001 (média de US$ 16 milhões). Isto demonstra maior presença de pequenos e médios investidores.
Na Região Metropolitana, os serviços (com 60% das inversões anunciadas nesse setor) comandaram a expansão da atividade econômica: no Interior, o destaque é a indústria (62% dos anúncios). Estes talvez sejam os mais importantes indicadores do estudo, pois mostram tendência de desconcentração na Grande São Paulo, com a contrapartida do aumento da atividade industrial no Interior. Considerando-se que os novos projetos incorporam a moderna tecnologia ambiental, cumprem obrigatoriamente os requisitos da norma ISO 14001, atendem à legislação e aos anseios da comunidade, é possível aludir que o Estado caminha, paulatinamente, para a conciliação de prosperidade e qualidade de vida.
Esses números e indicadores não são fortuitos. Já são resultados concretos da política de desenvolvimento sustentado realizada em São Paulo, delineada na síntese das ações da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo: fomento tecnológico nas cadeias produtivas, com o fortalecimento do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), cujo quadro de pesquisadores está sendo ampliado em 100 vagas; implantação do Pólo Aeronáutico da Embraer em Gavião Peixoto, no qual a Pasta investiu R$ 27 milhões, além de inversões em infra-estrutura e recursos da e cursos pp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo): criação do Pólo Aeronáutico de São Carlos e do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas, que abriga cerca de 80 novas empresas; implantação do Centro São Paulo Design, que apóia o aprimoramento de cadeias produtivas; criação do Parque Tecnológico na USP, da Câmara de Logística e da Rede Paulista de Propriedade Intelectual, além da expansão de vagas e novos campi na USP, Unesp e Unicamp.
No tocante ao desenvolvimento regional, clusters, foram implantados e estimulados em distintas cadeias produtivas. Contempla-se, ainda, a formação de consórcios de exportação, inclusive por iniciativa do setor privado, que precisa do apoio, mas não da tutela e de privilégios estatais para promover programas desta natureza.
Além disso, realiza-se o maior processo de expansão do número de Faculdades de Ciências e Tecnologia (Fatec's) da rede pública. São novas unidades em Jundiaí, Mauá, Botucatu, Santos, Praia Grande e Zona Leste de São Paulo e outras oito a serem implantadas até o final do ano. Estas escolas, nova alternativa de formação superior para os jovens, com amplos horizontes no mercado de trabalho, atendem à necessidade das empresas, especialmente indústrias, de contarem com profissionais capacitados para suprir tarefas diretamente ligadas à produção.
O atual programa paulista de fomento econômico também abrange o turismo, que representa 11% do mercado mundial de trabalho, movimenta mais de US$ 500 bilhões/ano, responde por 65% das vendas externas internacionais, é a principal fonte de renda para 40% das nações e se inclui entre as cinco maiores atividades geradoras de riquezas em 83% dos países. O governo estadual está criando a Agência de Desenvolvimento do Turismo no Estado de São Paulo, cujo projeto de lei tramita na Assembléia Legislativa. Além disso, as 65 estâncias turísticas do Estado; já tiveram aprovados projetos de melhoria da infra-estrutura, no valor de R$ 130 milhões.
Este programa também apresenta resultados concretos: pesquisa da Embratur e da PIPE, comparando dados do turismo' nacional entre 1998 e 2001, demonstra que, devido à flutuação) do câmbio e problemas como os atentados terroristas nos Estados Unidos, as viagens no território; brasileiro cresceram 11,3%. O Estado que mais capitalizou, como destino, essa expansão foi São Paulo, que, em 1998, havia recebido 18,72% dos turistas domésticos, passando a 23,34%, em 2001, com aumento, portanto, de 4.62 pontos percentuais.
Todos esses dados concretos, implicam uma reflexão: o Brasil claro, não fica imune às oscilaçôes da globalização e do capital internacional especulativo. Contudo, problemas conjunturais não podem permitir que isso; abale a confiança e desmobilize a economia real, que se manifes-; ta no dia-a-dia dos setores pro-! dutivos, dos trabalhadores e em políticas públicas realistas e voltadas a apoiar e estimular o crescimento sustentado do nível de atividades.
Notícia
Gazeta Mercantil