Em mesa durante a 5ª CNCTI, as ministras da CT&I, Luciana Santos, e da Saúde, Nísia Trindade, destacam projetos realizados em parceria interministerial, como o Complexo Econômico-Industrial de Saúde
As ministras de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e da Saúde, Nísia Trindade, participaram de uma mesa especial durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI) na qual trouxeram mais detalhes das ações realizadas em conjunto pelas duas pastas ministeriais.
O evento, realizado na última quarta-feira (31/07), destacou a importância de políticas científicas focadas no âmbito da Saúde, com ênfase ao Complexo Econômico-Industrial de Saúde (Ceis).
“O Brasil tem uma necessidade contínua de integração entre saúde e desenvolvimento científico e tecnológico. Se olharmos para o SUS (Sistema Único de Saúde), as políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) são partes centrais para o seu funcionamento”, defendeu Nísia Trindade.
A ministra apontou que a pandemia de covid-19, iniciada em 2020, foi um fator essencial que ilustrou a toda população o quanto o País ainda depende de produtos de saúde importados, o que compromete a qualidade da saúde pública.
“Essa dependência internacional do Brasil torna o SUS vulnerável: 90% dos insumos farmacêuticos ativos que usamos são importados, assim como 50% dos equipamentos. Precisamos de autonomia, e ela virá com Saúde e Ciência, um dos pilares para a criação do Ceis”, disse.
Além do impulsionamento na cadeia produtiva em Saúde, o Complexo também terá outras frentes, como programas de fomento à pesquisa e educação em Saúde, políticas relacionadas à saúde digital e adoção de práticas em Ciência Aberta, visando ao compartilhamento e à evolução da cadeia científica do País.
“Outro ponto importante é a atenção à sustentabilidade, para olharmos qual é o impacto ambiental das práticas médicas. Estamos buscando a criação de uma agenda de CT&I que considere a saúde no desenvolvimento sustentável.”
Ao todo, a idealização do Complexo movimentará R$ 42,1 bilhões até 2026. Mas Trindade reforçou que essa não é a única parceria entre os ministérios.
“Estamos estruturando uma Política Nacional de CT&I em Saúde, que movimentará R$ 2,2 bilhões até 2026. Além do fomento à pesquisa em Saúde, essa política integrará programas de educação e capacitação e iniciativas para a divulgação e popularização da Ciência”, explicou.
Uma das ações da nova Política Nacional de CT&I em Saúde foi lançada durante a mesa: nove chamadas realizadas em parceria com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que destinarão R$ 234 milhões a projetos estratégicos para o SUS – as chamadas abrangem temas diversos, que vão desde pesquisas de genoma à iniciativas contra a desinformação.
Trindade encerrou sua fala agradecendo a comunidade científica pelo apoio nas ações integradas de Saúde e Ciência. “Tanto a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), e seu presidente, Renato Janine Ribeiro, quanto a Academia Brasileira de Ciências (ABC), estão sempre conosco olhando e sugerindo ações. É um papel essencial, a quem agradeço.”
Já a ministra de CT&I, Luciana Santos, complementou as falas de Trindade sobre a importância da parceria entre os ministérios. “Investimento em Saúde é algo inegociável, tem que ser feito. Essa parceria entre os ministérios é alimentada cotidianamente, sempre pensando em novos caminhos e ações”
Santos destacou a importância do Complexo Econômico-Industrial de Saúde. “Esse Complexo visa à soberania nacional. Nós precisamos tratar a Saúde na sua dimensão econômica e na sua dimensão de inovação e desenvolvimento.”
Entre os exemplos da parceria entre Saúde e Ciência, a ministra falou da vacina Spin-TEC, a primeira vacina contra a covid-19 100% brasileira, que deve começar a fase de testes clínicos no fim do ano. Santos também destacou o papel da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos):
“Saúde é o segundo setor mais beneficiado com editais da Finep, o que muito nos orgulha. E hoje já aprovamos mais R$ 400 milhões para um laboratório que trabalhará unicamente no desenvolvimento de novos medicamentos”, concluiu.
Rafael Revadam – Jornal da Ciência