Policia, democracia e política em São Paulo (1946 - 1964) é um dos poucos trabalhos a se debruçar sobre aquela que pode ser considerada a primeira experiência democrática brasileira, iniciada com o fim do Estado Movo e a promulgação da Constituição de 1946.
O livro, publicado pela Editora Humanitas/Fapesp (308 págs., R$ 30,00), é o resultado da tese de doutorado de Thais Battibugli em Ciência Política na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFL-CH) da USP. O trabalho estuda o sistema policial paulista durante essas duas décadas, examinando a Influência que ele sofreu a partir da eleição e posse de Eurico Gaspar Dutra, e se estende até o golpe de 31 de março de 1964 O texto, diz a autora, "identifica as diretrizes para a área de segurança pública que tiveram impacto na cultura policial" Ponto central é compreender, no caso da Polícia paulista, continua Thais, "até que ponto a autonomia administrativa e operacional influenciou a existência de um descompasso entre a vigência de um sistema democrático, protetor dos direitos individuais, e a presença de um cotidiano de abuso da autoridade por parte de policiais".
A autora conclui que a polícia não se adaptou totalmente às exigências do Estado de Direito o do uma sociedade democrática. Para o professor Paulo Sergio Pinheiro, que assina o prelado, quem se debruçar em estudos sobre a Policia nos períodos posteriores ao abordado pelo livro deverá "obrigatoriamente levar em conta o desvendamento cuidadoso, minucioso, rigoroso que Thais Battibugli faz das Polícias e da violência policial numa democracia sob o populismo".