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Diário do Povo

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Publicado em 06 de julho de 2007

Fapesp libera restante da verba, que havia sido suspensa, para projeto 'Baladaboa'


O projeto "Baladaboa", que criou panfletos direcionados a universitários e freqüentadores de casas noturnas com orientações polêmicas sobre como diminuir os riscos ao usar o ecstasy, vai continuar.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), decidiu retomar os repasses dos recursos para a pesquisa, que haviam sido cortados. A Fapesp havia suspendido no dia 18 de junho a liberação de verbas, após publicação nos meios de comunicação sobre a distribuição dos panfletos em universidades e casas noturnas. Por meio de uma nota, a fundação disse, na época, que a verba foi suspensa para que o projeto fosse averiguado. Do total de R$ 68.312,68 previstos para o estudo, R$13.663,85 foram bloqueados.

Em nota oficial, a Fapesp informou que vai autorizar a continuidade do projeto "até o final de sua vigência". "O objetivo desta autorização é permitir que as pesquisadoras responsáveis possam dar conclusão ao estudo, realizando a análise quantitativa e a avaliação estatística das informações coletadas na pesquisa", diz o documento.

A decisão de autorizar a continuidade foi tomada pelo Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da fundação, em reunião com a presença do presidente da Fapesp, Carlos Vogt, e dos diretores da entidade. O CTA também decidiu que a pesquisa deverá apresentar um relatório complementar.

"A gente só pode ficar feliz com essa decisão, porque vai poder fechar o estudo. Tínhamos muito material e é importante dar fôlego para essa análise e chegar às conclusões. Não queríamos ver isso abortado", afirmou a professora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Teresa Araujo Silva, que supervisiona o estudo.

O projeto "Baladaboa" criou oito tipos de panfletos para serem distribuídos aos jovens. Um deles, por exemplo, informa que uma alternativa para diminuir os riscos da droga sintética "é tomar metade da dose planejada, aguardar os efeitos (pode demorar até 1h) e então decidir se tomará a outra metade".


Polêmica

A política de redução de danos divide opiniões. "Não há unanimidade em torno do que se deva fazer sobre o consumo de drogas. Por isso, queremos estudar", disse a professora Maria Teresa.

Depois que teve o projeto suspenso, a pesquisadora recebeu apoios de muitos membros da comunidade científica. Um abaixo-assinado pela manutenção do projeto contabilizava na quarta 980 assinaturas.


Efeitos

A molécula de ecstasy é uma metanfetamina, um parente químico muito próximo das anfetaminas, e funciona como estimulante. Segundo os especialistas, ela tem o efeito de manter a pessoa acordada e agitada e libera serotonina, que regula o humor. O público alvo do projeto são jovens de classes sociais altas, os principais consumidores da droga sintética.


Pesquisa sobre a droga conta com o apoio da USP

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) havia suspendido no dia 18 de junho a liberação de recursos para o projeto "Baladaboa" após divulgação dos panfletos sobre os efeitos da utilização da droga que estavam sendo distribuídos em universidades e casas noturnas de São Paulo.

A Fapesp informou na ocasião, por nota, que a liberação dos recursos ficaria suspensa "até que sejam averiguados completamente os fatos denunciados".

Os informativos distribuídos têm o logotipo do projeto "Baladaboa" e foram feitos com apoio do Laboratório de Psicofarmacologia da Universidade de São Paulo (USP), da Fapesp e de uma empresa de design, que elaborou o formato.

A professora Maria Teresa Araujo Silva, que supervisiona o estudo, informou na época da suspensão que os panfletos não estimulam o uso da droga: "Estão feitas advertências contra os inúmeros perigos, como misturar com outras drogas, falam da segurança no dirigir, da escalada para a dependência".