O árbitro de vídeo ou VAR (video assistant referee, em inglês) é uma das grandes novidades da Copa do Mundo de 2018, que veio como uma ferramenta para auxiliar a equipe de arbitragem nos jogos.
De um lado, o árbitro da partida pode consultar o árbitro de vídeo para esclarecer dúvidas em certos lances. Do outro lado, a equipe do árbitro de vídeo pode alertar o árbitro da partida sobre algum lance que o mesmo não percebeu [2].
Entretanto, mesmo com essa nova tecnologia, alguns lances polêmicos ocorreram durante a competição e o VAR não foi utilizado para esclarecê-los.
Infelizmente, a falha humana sempre irá existir e, consequentemente, os erros de arbitragem também, principalmente se levarmos em conta que o VAR é operado por pessoas.
Sala do árbitro de vídeo (Fonte: FIFA) [2].
Mas e se o sistema do VAR tivesse autonomia para analisar os lances e tomar suas próprias decisões? Em outras palavras, e se o sistema tivesse inteligência? Será que seria diferente?
Nesse ponto, entra uma área da computação que tem crescido muito nos últimos anos e vem apresentando grandes progressos. Sim, estou falando da Inteligência Artificial (IA).
O principal objetivo da Inteligência Artificial é simular a inteligência humana num computador. No caso do VAR, teríamos um computador inteligente analisando as imagens da partida em tempo real. Ao identificar alguma infração, o computador alertaria a equipe de arbitragem.
Parece algo tirado de algum filme de ficção, porém já existe algoritmos inteligentes capazes analisar vídeos e identificar o conteúdo deles. Há uma IA, por exemplo, que foi desenvolvida por brasileiros para ajudar a polícia a identificar vídeos de abuso de menores [1].
É claro, não é uma tarefa simples criar uma IA capaz de realizar a tarefa de um árbitro. Seria necessário ensinar para o algoritmo o que é futebol, suas regras, etc. Porém, não é algo impossível, principalmente se considerarmos o acervo colossal de vídeos de futebol existente no mundo.
Apesar de tudo, acredito que a utilização da Inteligência Artificial na arbitragem seja algo difícil de ocorrer, pelo menos considerando o cenário atual. Uma mudança dessa magnitude levaria décadas de discussão e certamente seria alvo de grande resistência.
Além disso, o medo das pessoas de serem substituídas por máquinas no mercado de trabalho faz com que muitos entortem o nariz para a Inteligência Artificial.
Por fim, apesar da IA ter um grande potencial para auxiliar os árbitros e ajudar a reduzir erros, ela não resolve o problema da negligência, uma vez que um árbitro poderia simplesmente ignorar as recomendações de um VAR inteligente. Além disso, ainda existe o fator interpretação, pois árbitros diferentes podem ter interpretações diferentes de um mesmo lance. Ou seja, o que a IA julgasse ser uma infração poderia ser um lance normal na interpretação do árbitro da partida.
Referências [1] PIERRO, BRUNO. O mundo mediado por algoritmos. Revista Pesquisa FAPESP, edição 266, abril de 2018. [2] FIFA (2018). 5 ESSENTIAL FACTS YOU DIDN’T KNOW ABOUT VAR. Acesso em 26 de junho de 2018.