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Pobreza na Primeira Infância: Como Afeta o Futuro de Milhões de Crianças Brasileiras (14 notícias)

Publicado em 26 de maio de 2025

Desigualdades Sociais na Primeira Infância no Brasil

As desigualdades sociais no Brasil se manifestam antes mesmo do nascimento, afetadas por fatores como classe social, renda, raça, escolaridade dos pais e local de moradia. Este é um dos principais pontos abordados no livro Ciência da Primeira Infância (Edgard Blücher, 2025), coordenado pelo economista Naercio Menezes Filho, professor do Insper e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisa Aplicada à Primeira Infância (CPAPI). O livro será lançado em 26 de maio de 2025, às 16 horas, na sede do Insper.

O livro destaca a relevância do desenvolvimento na primeira infância, que abrange o período da gestação até os seis anos. Este é um tempo crítico para o desenvolvimento cerebral, onde as crianças adquirem habilidades essenciais. Segundo Menezes Filho, um desenvolvimento adequado é crucial; caso contrário, aspectos como habilidades motoras, aprendizado e sociais podem ser comprometidos.

Menezes Filho enfatiza que a ciência começou a focar mais nessa fase da vida, que anteriormente era negligenciada. Uma sólida base de conhecimento multidisciplinar sobre esse período é agora reconhecida globalmente.

O autor aborda também a plasticidade epigenética na primeira infância, que se refere à ativação ou silenciamento de genes devido a fatores ambientais e sociais, sem alteração no código genético. Essa nova compreensão supera visões limitadas que atribuíam a determinação apenas a fatores genéticos ou sociais.

O livro revela que o Brasil enfrenta uma grave condição de pobreza infantil, que perpetua desigualdades. A pobreza impacta o desenvolvimento das crianças de várias maneiras, muitas vezes sendo a "causa das causas" dos fatores de risco. Dados mostram que crianças nascidas em famílias pobres têm menor estatura, desempenho cognitivo reduzido e menor escolaridade, aumentando também as taxas de maternidade e paternidade precoces.

Entre as crianças dos 20% mais pobres, apenas 2,5% ascendem ao quintil mais rico, um índice três vezes inferior ao dos Estados Unidos

Com a taxa de desemprego no Brasil em 7% no primeiro trimestre de 2025, essa condição é promissora, mas o desemprego ainda exerce um impacto devastador no ambiente familiar. Estudos citados no livro mostram que a perda de emprego por um dos pais resulta em redução significativa da renda familiar, levando a consequências como aumento do abandono escolar e da violência doméstica.

O nascimento de uma criança em famílias carentes pode acentuar a atividade criminosa dos pais, com um aumento de cerca de 18% na criminalidade relacionada a motivos econômicos. Além disso, comportamentos discriminatórios, como o racismo, prejudicam ainda mais o desenvolvimento infantil, causando estresse e problemas de saúde na vida adulta.

Menezes Filho defende a urgência de interromper o ciclo de transmissão da pobreza e desigualdades, investindo nas crianças mais necessitadas. O livro propõe uma abordagem intersetorial e transdisciplinar, onde múltiplas políticas públicas convergem para enfrentar as desigualdades.

Além de programas de transferência de renda como o Bolsa Família, é essencial uma ação efetiva diante de novos desafios, como a obesidade infantil, decorrente do consumo de alimentos ultraprocessados.

Com 226 páginas, Ciência da Primeira Infância está disponível gratuitamente. Acesse o livro pelo link: Acesso à Publicação

Esta obra é essencial para entender as complexidades e as soluções necessárias para o desenvolvimento saudável das futuras gerações.

Informações da Agência FAPESP