Notícia

Jornal do Brasil

Plantas contra a obesidade (1 notícias)

Publicado em 14 de abril de 1996

Por ALICIA IVANISSEVICH
As plantas amazônicas são as mais novas aliadas no combate à obesidade. Folhas, sementes e raízes vêm sendo usadas na forma de chás, extratos, cápsulas e tinturas por uma médica naturalista de Belém do Pará, com sucesso: os pacientes emagrecem e não voltam a ganhar peso após o tratamento. A grande vantagem com relação aos métodos convencionais para emagrecer é que a flora local não provoca os perigosos efeitos colaterais dos moderadores de apetite. Segundo a autora do tratamento, a médica Ana Lídia Carvalho, as plantas atuam queimando o excesso de gordura e desintoxicando o organismo. O princípio ativo dos vegetais utilizados é extraído no próprio laboratório do Instituto de Medicina Natural do Pará, criado por ela e seu marido Jasper Carvalho. As plantas nativas mais usadas são a sacaca (Croton cajucara), o jambu (Spillanthus oleracea), a malva (Malva silvestris) e a chicória (Chicorium endivia). Mas, recentemente, a médica adotou quatro novas espécies que mostraram resultados ainda melhores: a salva do Marajó (Hyptis hicana), o jucá (Caesalpina férrea), o açoita-cavalo (Luhea grandiflora) e a alfafa (Medicago sativa). "Essas ervas promovem uma desintoxicação hepática e reinal mais acentuada", revela Ana Lídia. Os estudos da médica se baseiam em material bibliográfico do Museu Paraense Emílio Goeldi e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os resultados favoráveis obtidos no tratamento de 800 casos de obesidade estão sendo reunidos num relatório que será encaminhado para avaliação do Ministério da Saúde. "Nenhuma das pessoas que tratamos com as ervas amazônicas apresentou reações alérgicas ou qualquer outro efeito colateral", avisa Ana Lídia. Mas ela adverte que as plantas não fazem milagres. "A pessoa tem que mudar sua dieta. Uma vez desintoxicado, o próprio corpo rejeita os alimentos nocivos à saúde. Quando a pessoa comer além do necessário, vai se sentir empanturrada." O tratamento dura no mínimo três meses. Segundo Ana Lídia, as plantas também são usadas para tratar problemas que podem estar associados ou não à obesidade, como insônia, estresse, depressão, enxaqueca e até tumores benignos. As ervas servem ainda para ajudar as pessoas a reduzir o impacto do fumo, do alcoolismo e de outras drogas. DIETA REDUZ GULA COMPULSIVA O tratamento à base de plantas não é restrito aos habitantes de Belém. A industrial Maria Claudete, de Pirassununga (SP), é um exemplo de que o desejo de emagrecer e ter uma vida mais saudável supera distâncias. Com 36 anos, Claudete procurou a ajuda da médica paraense Ana Lídia Carvalho há cerca de dois anos. "Pesava na época 124 quilos. Nunca tinha chegado a esse peso. Comecei a engordar um pouco antes da gravidez e não parei. Assim que passei a tomar os chás recomendados por Ana Lídia, parei de ter aquela gula típica dos que comem muito", conta a industrial. Sua dieta é à base de frutas, legumes e carne branca. Hoje, Claudete está com 109 quilos - 15 a menos de quando começou a se tratar - e continua o acompanhamento médico com Ana Lídia. "Sinto-me mais leve, menos ansiosa", diz. Crianças - Como não tem efeitos colaterais, o tratamento também pode ser feito por crianças e adolescentes. Foi o sucesso obtido por Ana Lídia que levou a paraense Wilca Ramos do Vale a buscar uma solução para sua filha Lorena, hoje com 13 anos. "Na família do meu marido, há casos de obesidade. Lorena sempre foi gordinha, mas foi a partir dos sete anos que começou a comer compulsivamente e a engordar além do normal", conta sua mãe. "Aos 10 anos, ela pesava 56 quilos e vestia manequim 44, de adulto", lembra. Foi quando Wilca procurou ajuda da médica. Sua filha começou a tomar um remédio à base de ervas e florais de Bach, além de fazer sessões de relaxamento no consultório. "Ela mudou totalmente sua dieta, passando a adotar hábitos mais saudáveis", diz Wilca. "Antes de completar seis meses de tratamento, Lorena já tinha perdido 10 quilos." E a dieta não tem restrições. "Lorena come doces e bebe refrigerantes quando quer, mas moderadamente. Não tem mais aquela compulsão", explica a mãe. (A.I.)