A utilização de plantas e seus extratos como medicação é uma tradição que remonta aos tempos mais antigos da história da humanidade e continua sendo amplamente aceita em todo o mundo. A crescente preocupação em usar produtos naturais vem provocando um interesse cada vez maior dos laboratórios farmacêuticos por esses produtos
Muitas dessas medicações fitote-rápicas aguardam a comprovação científica de seus efeitos e sem dúvida serão objeto de pedidos de pedidos de patentes. Outras continuam a ser empregadas com base apenas na tradição ou ainda na crença popular em seus efeitos, baseada em resultados empíricos, transmitidos oralmente e divulgados pela mídia.
Como o Brasil apresenta a mais ampla biodiversidade no mundo, é natural que aqui seja amplamente disseminado o uso de plantas e seus extratos para o tratamento de várias moléstias, e sintomas. Nem sempre a preparação e a recomendação de uso desses produtos seguem os necessários cuidados, o que levou o Ministério da Saúde a criar exigências para sua comercialização. Assim, a partir de 1995 todos os medicamentos fitoterápicos vendidos no Brasil devem ter suas propriedades comprovadas por estudos científicos, o que deve gerar um importante aumento da pesquisa nessa área.
Um exemplo interessante do que deve ocorrer é dado pelo esforço pioneiro de nossa empresa, maior fabricante nacional de produtos fitoterápicos, que se antecipou a essa lei, com os estudos de vários produtos, principalmente de seu energético natural Catuama, à base de extratos de plantas nativas brasileiras. Seus componentes são considerados popularmente e pela farmacopéia brasileira como ativadores e estimulantes, particularmente na área sexual, embora não houvesse comprovação científica desse efeito.
No início da década de 90, estabelecemos um convênio com a Universidade Federal de Santa Catarina para a realização de estudos pré-clínicos sobre o Catuama. Esses estudos, coordenados pelo titular de Farmacologia daquela instituição, mostraram que o produto tem ação vasodilatadora e estimuladora do sistema nervoso central, funcionando com eficiência no combate ao estresse. Os resultados desse estudo foram transformados em artigo pelo professor João B. Calixto, publicado neste ano na revista inglesa Phitotherapy Research, a mais importante do setor no mundo.
Pouco depois, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob a coordenação do prof. Gilberto de Nucci, foram feitos estudos pré-clínicos com o corpo cavernoso do pênis de coelhos, que comprovaram o efeito do Catuama como estimulante sexual. Estudos posteriores com tecido cavernoso humano, desenvolvidos também pelo prof. de Nucci, ratificaram esses resultados.
Em 1997, uma nova série de estudos-piloto foi efetuada com o mesmo produto, em convênio com três instituições de renome internacional. A primeira avaliação parcial de um desses estudos-piloto, realizada com pacientes hipertensos com disfunção erétil, indicou respostas positivas aos estímulos sexuais (ereção, orgasmo, ejaculação e libido). Em decorrência desses estudos e de adaptações de formulação, depositamos o primeiro pedido de patente feito por um laboratório nacional para produtos fitoterápicos, envolvendo um outro composto.
O programa patrocinado por nossa empresa já envolveu cinco instituições de pesquisa, mostrando como a determinação do governo federal, aliada ao pioneirismo empresarial, pode gerar um importante estímulo científico à fitoterapia. Com isso, nosso país poderá conhecer melhor o potencial terapêutico de suas plantas e gerar novas patentes, possibilitando a exploração sustentável de nossas florestas e o plantio ecológico dessas espécies.
Presidente do Laboratório Catarinense e membro do Conselho da Abifarma.
Notícia
Gazeta Mercantil