SÃO PAULO - O Brasil pode ter um papel relevante na indústria mundial de biocombustíveis para aviação. Um relatório elaborado pela Boeing, Embraer e Fapesp, coordenado pela Unicamp, identificou lacunas e apontou os caminhos que o País deve percorrer para ocupar posição de destaque nesse mercado: mais pesquisa nas áreas de matérias-primas e de produção de biocombustíveis, adequação da legislação, entre outras.
O relatório foi divulgado pelos três parceiros na última segunda-feira, dia 10 de junho, em evento realizado na Fapesp.
O "Plano de voo para biocombustíveis de aviação no Brasil: plano de ação" balizará projetos de pesquisa apoiados pela Fapesp e pelas duas empresas de aviação no âmbito de um acordo de cooperação mantido pelas instituições, com o objetivo de estimular a pesquisa e o desenvolvimento de biocombustíveis para aviação no Brasil. O estudo integra o Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), que reúne mais de 400 cientistas brasileiros, a maioria atuante em universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo, além de cerca de 100 pesquisadores de diversos outros países.
O documento é resultado de uma série de oito workshops realizados entre maio e dezembro do ano passado.
O grande desafio científico e tecnológico nos dias de hoje, em todo o mundo, de acordo com os pesquisadores, é desenvolver um biocombustível a partir de qualquer biomassa produzida em escala comercial que tenha um custo competitivo e possa ser misturado ao querosene de aviação convencional, sem a necessidade de modificações nos motores e nas turbinas da atual frota de aeronaves e no sistema de distribuição do combustível aeronáutico.
Uma das principais conclusões do relatório é de que no Brasil há uma série de matérias-primas provenientes de plantas que contêm açúcares, amido e óleo, além de resíduos como lignocelulose, resíduos sólidos urbanos e gases de exaustão industrial, que se mostram promissores para a produção de bioquerosene.
A cana-de-açúcar, a soja e o eucalipto, por exemplo, são apontados como os três melhores candidatos para iniciar uma indústria de biocombustível para aviação no país.
Isso, no entanto, dependerá do processo de conversão e refino escolhido, ressalvaram os autores.
Agências