Notícia

Correio Popular (Campinas, SP)

Plano Prestes Maia segue como referência urbana (1 notícias)

Publicado em 14 de julho de 2005

Configuração
Alargamento de avenidas determinou retirada de diversos prédios

Mantido até hoje, o "Plano de Melhoramentos Urbanos de Francisco Prestes Maia" determinou uma nova configuração urbana para Campinas. É difícil calcular o número de prédios que foram ao chão a partir de 1936 para o alargamento de avenidas nas vias centrais. Somente nas avenidas Francisco Glicério e Campos Salles foram 45. Hoje, em busca de seu passado, o conjunto de imóveis do Centro histórico começa a ser analisado para compor um inventário completo, com o levantamento de mapas e plantas do conjunto construtivo das principais regiões da cidade.
O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) dentro do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas, envolve a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Prefeitura. Para a pesquisa, que será feita em dois anos, a Fapesp vai entrar com uma verba de R$ 120 mil. Equipes da Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural (CSPC) e do Centro Interdisciplinar de Estudos da Cidade (Ciec) do Departamento de História da Unicamp vão trabalhar em conjunto.
O estudo tem como objetivo identificar os imóveis que existiam em Campinas nos mapas de 1929 e localizar os remanescentes. A intenção é recolher informações para a elaboração de uma política de preservação do sítio histórico.
O Centro histórico inventariado pela pesquisa está inserido no quadrilátero formado pelas avenidas Moraes Salles, Irmã Serafina/Anchieta, Orosimbo Maia e Senador Saraiva. Sob o olhar da preservação, a área, apesar de ter sido bem modificada com o passar dos anos, ainda guarda remanescentes importantes do imobiliário histórico da cidade.

Passeio
Um passeio pelo Centro de Campinas é capaz de trazer recordações de um tempo que, apesar de ter passado, continua a ser referência para as ações do presente e capaz de nortear o futuro da comunidade.
Muito da memória arquitetônica da cidade já foi perdida, mas há lugares onde o cuidado arquitetônico de outros tempos permanece como exemplos de preservação e espelham a opulência da época dos barões.
Casarões que abrigaram alguns dos nomes que fizeram parte da história econômica de Campinas foram revitalizados e ganharam novas utilizações. O Solar do Barão de Itapura, o do Visconde de Indaiatuba, o do Barão de Itatiba ou o do Barão de Ataliba Nogueira resistiram ao passar dos tempos e mantêm-se, imponentes, como marcos históricos.
Outros locais menos antigos, mas nem por isso menos importantes, que também registram em suas paredes parte da trajetória social da cidade, passaram por processos de tombamento e hoje servem de exemplo. A antiga fábrica Lidgerwood, atual sede do Museu da Cidade, o Mercado Municipal, o Largo do Rosário, o Colégio Carlos Gomes e o conjunto de lustres do antigo Teatro Municipal de Campinas - hoje na Escola Preparatória de Cadetes do Exército - estão entre os orgulhos locais que já mereceram tombamento.

Planejamento promoverá nova revisão
A crescente urbanização de Campinas ao longo de seus 231 anos de história andou em paralelo com a consolidação do processo de industrialização da cidade. Desde 1925, a área urbana começou a ser alargada e, em poucos anos, as dimensões estavam duplicadas. No futuro, será essencial rever o padrão urbanístico para resolver problemas vitais que envolvem as áreas de preservação, de transporte público e do trânsito.
O loteamento das chácaras periféricas e de antigas e improdutivas fazendas de café, devido, principalmente, à demanda por habitação, também serviram para minimizar os problemas de déficit habitacional, mas fizeram com que a cidade sofresse mais transformações.
Enquanto o futuro vai se projetando no horizonte, parte do passado da cidade de Campinas ainda reluta em resistir às mudanças. Dos 417 quilômetros quadrados de perímetro urbano, 15% abrigam grandes vazios urbanos, cercados por residências e indústrias, cujas terras, remanescentes de fazendas centenárias, estão concentradas nas mãos de um número restrito de grande conglomerados empresariais e famílias tradicionais. Não há um número exato da área total considerada como vazio urbano. A indefinição é atribuída às falhas do atual Lei de Uso e Ocupação do Solo, de 1988. Um novo plano diretor deverá regulamentar e indicar a vocação de cada região.