Apenas cinco brasileiros podem dizer, hoje, que estudam na melhor universidade do mundo: o Instituto de Tecnologia da Califórnia. Um desses privilegiados é o piracicabano Fernando Ferrari de Goes, de 27 anos, que cursa o doutorado em ciência da computação no Caltech. A instituição apareceu em primeiro lugar no ranking das melhores faculdades do mundo divulgado na quinta-feira (6) pelo Times Higher Education (THE), superando os tradicionais Harvard, Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), Cambridge e Oxford.
Bacharel e mestre pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Goes decidiu realizar seu doutorado fora do Brasil e se inscreveu para o processo seletivo em cinco universidades americana e uma canadense. Foi aceito em todas. Torcedor do XV e de família piracicabana, ele conta que a melhor parte do seu curso é a interdisciplinaridade, já que seu departamento engloba tanto a computação quanto a matemática.
"Você leva uma vida de pesquisa, nem parece vida de aluno. Você tem horário flexível, mas, ao mesmo tempo, em todo momento você tá pensando, porque o problema só acaba quando você o resolve", conta ele, que trabalha com processamento geométrico.
Assim como os demais brasileiros no Instituto de Tecnologia da Califórnia, ele gostou de saber do título que a escola recebeu no ranking do THE, mas não dá muita importância a esse tipo de lista.
"Fiquei contente, mas tem vários rankings e cada um tem um critério diferente. No final, o que importa é se tem alguém na sua área de quem você gosta, não se a universidade é a primeira ou está mais para baixo na lista."
Seleto
Se tornar um aluno do Caltech é uma vitória para qualquer estudante. Trata-se de um instituto pequeno se comparado à Universidade de Harvard, por exemplo, que no ano passado liderava o ranking. O Caltech tem 2.175 universitários matriculados, 967 em cursos de graduação e 1.208 na pós-graduação. Harvard, por sua vez, tem mais de 21 mil alunos, dez vezes mais a população acadêmica do instituto californiano.
O grupo brasileiro é composto atualmente por três doutorandos e dois estudantes de graduação. Mas, para desembarcar na cidade de Pasadena, na região de Los Angeles, onde fica o campus, eles tiveram que passar por um processo de seleção extenso que inclui análise de currículo, vestibular em inglês, prova de proficiência no idioma e uma bateria de entrevistas presenciais.
Para cursar a pós-graduação no Caltech é necessário realizar a prova Graduate Record Examination (GRE), um tipo de vestibular padrão para estudantes de pós-graduação. E, segundo aconselha Goes, começar desde cedo a fazer pesquisa é vantagem para o candidato.
"Meu diferencial [para ser aceito] foi o fato de que comecei a fazer pesquisa bem cedo. No segundo ano da graduação já estava interessado, no terceiro já tinha bolsa. Passei três anos com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)", diz ele.
Brasileiro ganha US$ 30 mil para estudar
Os doutorandos recebem bolsa de estudos - a maioria concedida pelo próprio Caltech - que cobre a anuidade de US$ 30 mil (cerca de R$ 50 mil) e ainda paga um salário de pesquisador que varia entre US$ 25 mil e US$ 30 mil por ano.
Apesar de poucos, os brasileiros se adaptaram bem ao estilo de vida local, e dividem casas fora do campus - algumas no estilo das fraternidades americanas - com estudantes do país e internacionais. E vivem um cotidiano típico das universidades norte-americanas.
Via EPTV