Mensagens obtidas pela polícia mostram que professor da Unicamp atuou na elaboração e revisão de relatório do PL
Um professor do Instituto de Computação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) participou da elaboração e revisão do relatório apresentado pelo PL (Partido Liberal) ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em novembro de 2022, que questionava a integridade das urnas eletrônicas.
Mensagens obtidas pela Polícia Federal no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado no Brasil indicam que o professor Paulo Lício Geus forneceu informações falsas sobre o funcionamento das urnas eletrônicas a influenciadores , incluindo Fernando Cerimedo, um blogueiro argentino indiciado no caso, “no sentido de incitar a população contra o resultado das eleições presidenciais de 2022”, aponta a PF. Apesar disso, o professor não foi indiciado.
Ainda segundo as investigações, Geus enviou ao empresário Éder Balbino, envolvido nos questionamentos do PL, análises que apontavam supostas irregularidades nos logs (registros de dados) do sistema eletrônico de votação.
Mensagens do professor
O professor da Unicamp é citado 13 vezes no relatório da Polícia Federal. Em todas as menções, ele aparece trocando mensagens com Éder Balbino sobre uma aparente investigação relacionada às urnas eletrônicas.
Em 19 de novembro de 2022, Paulo Geus confirma, em mensagem, que Valdemar Costa Neto, presidente do PL, já estava em posse do relatório, que ainda passava por revisões. Segundo o professor, Valdemar decidiu divulgar o documento após, possivelmente, realizar uma conferência com o então presidente Jair Bolsonaro, de acordo com a PF.
“Não, agora não é vazamento. O próprio VCN resolveu soltar, creio que após conferenciar com PR”.
Ainda de acordo com as investigações, o professor relatou que uma das teses de possível fraude, solicitada por Valdemar Costa Neto e relacionada exclusivamente às urnas fabricadas em 2020, não avançou. Ele explicou que a suposta inconsistência foi justificada pelo uso de urnas de contingência.
“Estávamos completando dados que VCN havia pedido (votação apenas das urnas 2020 e algo mais), porque ele queria dar seguimento hoje à tarde (e segunda no TSE), mas na hora do almoço descobri que um dos nossos argumentos (inconsistências) era explicado por urnas de contingência”,
O relatório também revela outro pedido de Valdemar Costa Neto, relacionado a supostas “votações anormais em horários estranhos”. Contudo, Geus afirmou que no segundo turno essas situações praticamente não ocorreram.
O acidade on tentou entrar em contato com o professor para conseguir uma posição a respeito do assunto, mas não tivemos retorno até o momento de publicação desta matéria Ressaltamos que mantemos o espaço aberto para eventuais esclarecimentos.
Relatório do PL
O relatório citado por Paulo Geus nas mensagens foi apresentado ao TSE por Valdemar Costa Neto, em 22 de novembro de 2022. Segundo a PF, o documento continha alegações falsas sobre possíveis fraudes nas urnas eletrônicas no segundo turno das eleições presidenciais daquele ano.
Como consequência, à época, o TSE multou o partido em R$ 23 milhões por não apresentar provas das irregularidades apontadas.
Quem é Paulo Geus
Paulo Lício Geus é professor titular do Instituto de Computação da Unicamp. De acordo com o currículo lattes do professor na página da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), ele tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Teleinformática, atuando principalmente nos seguintes temas: segurança computacional, administração de redes, política de segurança, segurança em cloud, análise comportamental de malware.
Investigação da PF
O relatório da PF teve o sigilo retirado nesta terça-feira (26) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O documento descreve a participação de citados e indiciados no inquérito que investiga a tentativa de Golpe de Estado no Brasil.
O documento foi recebido pelo Supremo no dia 21 de novembro e indicia 37 pessoas por envolvimento na suposta trama golpista. Entre eles, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro da Defesa, general Braga Netto, o ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid. A investigação da Polícia Federal teve início em 2023.
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