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Petrobras produzirá bio-óleo a partir de biomassa

Publicado em 12 março 2008

Por Alexandre Carolo

Combustível não disputará espaço com o etanol. Será utilizado para geração de eletricidade ou como aromatizante na indústria de alimentos

A Petrobras começará a produzir bio-óleo usando como principal matéria-prima o resíduo da palha de cana-de-açúcar, a partir de 2009. Para isso, a estatal assinou acordo de cooperação com a empresa americana de tecnologia Kior, para o desenvolvimento do processo BCC (sigla em inglês para Craqueamento Catalítico de Biomassa).

Desde 2006, o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) estuda o processamento de biomassa para a geração de bio-óleo a partir do resíduo da palha de cana. A parceria com a Kior, joint venture formada entre as empresas Khosla Ventures e BIOeCon, vai possibilitar os primeiros testes em unidades semi-industriais a partir do ano que vem.

 Testes de bancada já estão sendo realizados, assim como estudos para a construção de uma planta piloto. O bio-óleo, líquido negro também chamado de bio-crude, pode ser gerado a partir de inúmeros resíduos como por exemplo serragem de madeira, capim-elefante e cascas de arroz e café. Porém a palha ou o bagaço de cana-de-açúcar será a principal fonte.

A estatatal divulgou nota dizendo que busca a consolidação de novas rotas de produção de biocombustíveis de segunda geração, gerados a partir de resíduos. "Biocombustíveis de segunda geração não competem com a plantação de alimentos, pois sua matéria-prima é resíduo que de outra forma seria simplesmente descartado", diz a nota.

O bio-óleo é produto do processo de pirólise rápida de biomassa. É considerado inadequado para uso direto como combustível veicular, portanto não abre concorrência com o etanol. O novo produto deverá ser utilizado para geração de eletricidade ou como aromatizante na indústria de alimentos, por exemplo, para dar o sabor de defumado.

Pesquisas sobre a geração de bio-óleo já vinham sendo realizadas há mais de 10 anos pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) e da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), ambas da Unicamp.

Os estudos, realizados com recursos da Fapesp e da Finep, tiveram o apoio do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) - antiga CT Copersucar - , em Piracicaba, onde foi montado um reator para produção do bio-óleo em escala piloto. Hoje, o CTC não realiza mais pesquisas sobre o tema.

Atualmente, os estudos para geração de bio-óleo também estão sendo realizadas pela Embrapa Agroenergia, em parceria com a empresa Bioware, sob coordenação do pesquisador José Dilcio Rocha. Para ele, um dos principais desafios da geração de bio-óleo com a pirólise rápida é o alcance da escala ideal para o processo industrial.