Foi no inicio da década de 50. A campanha foi dura, mas o entusiasmo contagiou toda a nação. Com a palavra de ordem 'o petróleo é nosso', a batalha tornou-se gloriosa. Nasceu a Petrobras. Sua produção inicial foi de míseros 3 mil barris de petróleo por dia. Os céticos viam a empresa como condenada à morte. Os mais otimistas achavam que ela conseguiria produzir, no máximo, 500 mil barris por dia.
Nada disso aconteceu. As metas da empresa foram sistematicamente ultrapassadas. Hoje a Petrobras produz cerca de 1,3 milhões de barris por dia e, segundo suas próprias previsões, produzirá 1,850 milhões diários no final de 2005, dando ao Brasil a confortável situação de auto-suficiência em petróleo.
A notícia veio em boa hora, pois o barril de petróleo chegou a ser cotado a US$ 45 na semana passada. Mesmo que abaixe para o nível dos US$ 40 ou até mesmo US$ 35, a auto-suficiência proporcionará uma bela economia. É bom lembrar que no período das crises de petróleo de 1973 a 1979 o Brasil produzia apenas 25% do petróleo que consumia. Cerca de 85% das despesas de importação eram com o precioso 'ouro verde'. Os próprios conhecimentos da Petrobras eram importados.
Hoje, o quadro virou. Estamos perto da auto-suficiência. Reduzimos drasticamente as despesas com importação. E a Petrobras tornou-se referência mundial por sua alta competência em exploração de petróleo em águas profundas.
O prestígio internacional da Petrobras é reconhecido a cada dia. A empresa consegue captar centenas de milhões de dólares com títulos próprios que são colocados, com a maior facilidade, no mercado financeiro dos países mais exigentes. A Petrobras desfruta da mais alta credibilidade mundial.
Num momento como estes, os políticos são tentados a creditar na sua própria conta os feitos da empresa. Mas a Petrobras é maior do que a política. O capital mais precioso da empresa é a sua reserva de talentos. São técnicos que receberam o melhor treinamento do mundo ao longo de várias décadas e que desenvolveram pesquisas próprias com o conhecimento acumulado.
A empresa é antes de tudo um símbolo da competente engenharia nacional. Quando se acabou com o monopólio do petróleo, muitos temiam um abalo na Petrobras. Ocorreu o contrário. As empresas estrangeiras que para cá vieram só querem saber de negócios conjuntos com a empresa brasileira. Elas sabem que jamais conseguirão, no médio prazo, reunir a inteligência que domina os quadros técnicos da Petrobras.
O Brasil já tem o que mostrar no campo da ciência e tecnologia. O país está na vanguarda da pesquisa agropecuária com a EMBRAPA, na fabricação de aviões a jato com a EMBRAER, na descoberta de genomas de animais e plantas apoiada pela FAPESP e na exploração de petróleo em águas profundas com a PETROBRAS. O triunfo, portanto, é dos pesquisadores. Eles estão de parabéns, pois se revelaram como os sustentáculos dos grandes feitos do Brasil moderno.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
Notícia
Correio de Sergipe