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Jornal da Cidade (Bauru, SP) online

Pesquisas precisam focar mais qualidade do que quantidade (1 notícias)

Publicado em 15 de maio de 2017

Em visita ao câmpus de Bauru da USP na última quinta para conhecer laboratórios e proferir uma palestra, o pró-reitor de Pesquisa da instituição, José Eduardo Krieger, destacou que o grande desafio é a transição de quantidade para qualidade da pesquisa e das publicações no Brasil. “Essa transição passa por mudanças culturais e também por novos arranjos da universidade, que criem as condições necessárias. E, parte importante disso, é direcionar os recursos que já existem para essa finalidade”, pontuou, em Bauru. A qualidade da pesquisa, entre outros fatores, é levada em conta a partir do impacto dos artigos científicos publicados, que é medido pelo número de citações do trabalho por outros pesquisadores. Segundo o pró-reitor, dados apontam que trabalhos com participação de pesquisadores de diversos países acabam tendo mais citações e, apesar de não ser o único indicador a ser considerado, resulta também na qualidade.

De acordo com o professor Krieger, os focos principais da USP para um salto de qualidade na pesquisa são: facilitar a pesquisa interdisciplinar e cooperativa; intensificar as ações de internacionalização; favorecer projetos de longo prazo e alto impacto; aprimorar o direcionamento e aproveitamento de vocações; e possibilitar ao pesquisador maior tempo de dedicação à pesquisa, e não à gestão dos projetos.

A consolidação dos Nú- cleos de Apoio à Pesquisa-NAPs (que propiciam a união de pesquisadores de áreas diversas); o incentivo à implementação das Centrais Multiusuários (laboratórios que reúnem equipamentos de alto custo, compartilháveis e disponibilizados a diferentes pesquisadores da própria USP ou instituições externas); o estímulo a parcerias e convênios de cooperação internacional e mobilidade acadêmica; e a disponibilização ferramentas e sistemas de gestão de projetos (em parceria com a Superintendência de Tecnologia da Informação-STI) estão entre as principais medidas da universidade visando essa transi ção para mais qualidade.

‘BOLSA DE ESPERA’

O passo mais recente nesse sentido é a instituição, pela Pró-Reitoria de Pesquisa, do Programa de Incentivo à Atra- ção de Pós-Doutorandos, que oferece auxílio permanência a pesquisadores que estejam aguardando aprovação de bolsa para seu projeto pela Fapesp. Os auxílios terão valor mensal de R$ 2 mil, serão pagos por até seis meses e suspensos assim que a Fapesp aprovar o projeto. Voltado a pós-doutorandos de todas as áreas do conhecimento que atuam nas unidades de ensino e pesquisa da USP, o programa deverá contemplar inicialmente 15 pesquisadores.

“A grande força de trabalho nos laborató- rios de ponta, em uma universidade de pesquisa como a nossa, deve ser o pós-doc. É assim que as mais importantes universidades do mundo atuam”, ressalta o pró-reitor. A USP tem atualmente cerca de 2,1 mil pós-doutorandos, dos quais 740 são bolsistas da Fapesp. O câmpus de Bauru, ao todo, tem 24 pós-doutorandos, sendo nove com bolsa. “Hoje, temos a proporção de 0,3 pós-doc por docente. Queremos que essa relação chegue a 1 por 1 e aumente”, conclui.