As pequenas metalúrgicas já podem contar com alternativas inovadoras para o reaproveitamento da areia de fundição a poços extremamente reduzidos. A brasileira Bom Jesus Piacentini & Cia está desenvolvendo, em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o escritório de engenharia Pulsar, um projeto que utiliza tecnologia 100% nacional para o reaproveitamento de 90% da areia contaminada com resina fenólica. Já o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), juntamente com três instituições privadas, desenvolveu uma unidade móvel a fim de reciclar em domicílio a areia de descarte de fundições com preço três vezes menor do que o publicado em aterros sanitários.
Atualmente, o País produz cerca de dois milhões de toneladas por ano de areia de fundição, o que representa uma pirâmide de 200 metros de altura. Só o Estado de São Paulo é responsável por um milhão de toneladas por ano, segundo Cláudio Mariotto, gerente técnico do projeto do IPT.
A destinação ecologicamente correta desse material sempre representou um problema às empresas de menor porte, devido ao elevado custo. Elas produzem em média 200 toneladas de areia de fundição por mês.
"Ter um equipamento próprio ou pagar um aterro sanitário são soluções muito caras para uma empresa pequena. Por isso, resolvemos procurar o Ipen para nos ajudar a desenvolver uma alternativa mais barata", diz Antônio Bernardino, diretor da metalúrgica Piacentini.
Segundo Mariotto, o projeto foi desenvolvido após um ano e meio de conversa junto à Associação Brasileira de Fundição (ABIFA).
"A Unidade Móvel entrará em operação até o final deste ano. Para atender o Estado de São Paulo seriam necessárias pelo menos 20. Já temos empresas internacionais interessadas no projeto. Ele é resultado de mais de cinco anos de pesquisa, e é inovador. Só tem um similar nos Estados Unidos", diz o pesquisador do IPT.
IPEN
A metalúrgica Piacentini conta com o apoio dos pesquisadores do Centro do Combustível Nuclear (CCN) do Ipen, Miche-langelo Durazzo e Elita de Carvalho, que têm experiência no tratamento de resíduos de urânio gerados no processo de fabricação de elementos combustíveis. Para desenvolver o projeto, a empresa participou do programa especial de apoio às pequenas empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que investiu até agora cerca de R$ 100 mil na pesquisa.
"Estamos passando agora para a segunda fase do projeto. Se tudo correr bem, nosso objetivo é inaugurá-lo em março de 2004", diz Bernardino.
O diretor da empresa conta que a idéia é desenvolver uma usina piloto e prestar serviço também às demais empresas. "O projeto total consumirá R$ 800 mil em investimentos, que consistem na construção de um novo prédio e na fabricação de novos equipamentos", diz.
A tecnologia inovadora utiliza um processamento térmico controlado para a separação da resina fenólica da areia contaminada. "A técnica consiste em agregar valor à substância, que até então não poderia retomar à natureza. Com isso, a areia de fundição poderá ser 90% utilizada. Estamos estudando agora como aproveitar a resina fenólica para que possa voltar ao meio ambiente, sem agredi-lo", diz Elita, pesquisadora do Ipen.
IPT
No projeto, o DPT recebeu R$ 750 mil em recursos federais e R$ 250 mil das empresas. As parceiras nesse projeto são: Lepe Indústria e Comércio, Metalúrgica Ipê e a Fagor Fundição Brasileira.
Denominado Unidade Móvel de Regeneração de Areias de Fundição, o projeto piloto tem condições de atender inicialmente seis fundições de porte médio. Segundo Mariotto, o preço do serviço deverá ser de no máximo R$ 60 por tonelada - valor bem menor que o cobrado por um aterro sanitário, que cobra em média R$ 150 por tonelada. A Unidade Móvel irá utilizar atritores e processo de calcinação.
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DCI