O grande desafio para os meios científicos brasileiros é agilizar a transformação dos projetos em andamento em iniciativas que propiciem resultados imediatos para a população, promovendo o desenvolvimento econômico e social do Pais. "A palavra-chave é aceleração", resume o professor Guilherme Ary Plonski, diretor-superintendente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que se diz empenhado em aproximar a comunidade científica da população e de empresários.
Na opinião de Plonski, cada um dos agentes já desempenha seu papel essencial: a empresa produz, a universidade ensina, e os institutos de pesquisa e o Governo criam o ambiente. "Para conseguir a aceleração é preciso coordenar as ações destes agentes, respeitando a identidade e os valores de cada um." Para concretizar este esforço coordenado, ele prega o estabelecimento de uma maior quantidade de teias tecnológicas formando uma grande rede de inovação, onde estariam empresas, associações empresariais, universidades, organismos governamentais, entidades financeiras - incluindo as de capital de oportunidade e os fundos privados e de pensão -, agências de fomento, entidades do terceiro setor. incubadoras e parques tecnológicos, órgãos de cooperação internacional, comunidades organizadas e sociedade civil.
"Para serem efetivas. essas comunidades necessitam de objetividade na busca de soluções inovadoras ou no aproveitamento criativo de oportunidades, conteúdos compartilhados e uma plataforma sólida de confiança e de linguagem comum", ensina Plonski, que tem neste objetivo seu principal desafio, mudando o enfoque tradicional da entidade de prestador de serviço para o de parceiro no processo de inovação.
DEMANDA DE CÉREBROS
Uma parceria que tem como ramificações intensificar a participação do instituto em áreas nas quais a incorporação do conhecimento tecnológico beneficie diretamente políticas públicas. "Estamos tecendo uma rede que ensejará, em curto prazo, o lançamento do Núcleo de Tecnologias Aplicadas á Segurança Pública", diz. Mas as ambições de Plonski para o IPT não param por aí e seguem pelo reforço da equipe mediante a realização de concurso público para a contratação de 100 pesquisadores e o uso cada vez maior dos recursos do mundo digital, "mediante a criação de um portal do conhecimento", que facilite o acesso da sociedade à entidade.
Com 103 anos de funcionamento completados hoje, o IPT já encampou diversas iniciativas nos mais variados segmentos e mantém inúmeros projetos estratégicos em andamento, grande parte deles no regime de parceria no qual Plonski tanto acredita. Entre eles está o recém-inaugurado Túnel de Vento e outras iniciativas no campo da metrologia, com a participação da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). "Com esta última estamos em vias de celebrar um acordo de cooperação para sua instalação física dentro do IPT", diz.
Tradicionalmente próximo ao setor empresarial, o IPT orgulha-se dos projetos encapados com a intenção de estimular a economia brasileira por meio do potencial das pequenas e médias empresas, alguns deles complementados com a ajuda do Sebrae. Funcionando desde 1999, o Programa de Apoio Tecnológico à Exportação (Progex), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), é uma das parcerias mais expressivas entre as duas instituições segundo Cláudio Tervydis, gerente de tecnologia do Sebrae/SP. "Já atendemos a cerca de 200 microempresas e estamos ampliando nossos domínios para o território nacional com a inclusão de outros cinco institutos tecnológicos no programa", conta ele.
BALANÇA COMERCIAL
Segundo Tervydis, o principal objetivo do Progex é melhorar a balança comercial brasileira, seja exportando o produto nacional, seja reduzindo as importações, e obter aumento no número de empregos e na geração de renda. "O bloqueio à exportação muitas vezes não é financeiro, mas técnico", afirma. E é justamente esta a lacuna preenchida pelo IPT. que estuda todas as regulamentações técnicas exigidas pelo país-alvo, faz um teste em laboratório com o produto nacional para detectar deficiências e qualidades, elabora um laudo e, em seguida, uma proposta de adequação ao mercado externo. "Todo o trabalho seguinte é feito pela empresa com assessoria e acompanhamento do instituto", diz ele. Uma entrevista com 44 empresas atendidas pelo Progex constatou um aumento de US$ 800 mil para US$ 8,3 milhões nas exportações antes e depois da atendimento prestado. Das consultadas, 29 nunca haviam vendido ao mercado externo, 13 ampliaram a exportação.
Notícia
Gazeta Mercantil