As pesquisas para o desenvolvimento do leite funcional – enriquecido com selênio, óleo de girassol e vitamina E –, têm seus primeiros resultados divulgados. Pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA, São Paulo/SP) e da Universidade de São Paulo (USP, São Paulo/SP), responsáveis pelos estudos, afirmam que as crianças que receberam o alimento tiveram aumento de 160% nos níveis de selênio no sangue e 33% no de vitamina E. Os idosos tiveram redução de 16% na quantidade de LDL (mau colesterol). Além dos resultados positivos para os humanos, a alimentação enriquecida ministrada às vacas, diminuiu em 30% a ocorrência da doença mastite nos animais, o que aumentou a produção de leite. A pesquisa da APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e da USP é a única do Brasil que alia avaliação zootécnica com análise na saúde humana em um mesmo experimento.
Em 22 e 23 de outubro será realizado pela APTA e pela USP o 1º Workshop leite funcional: da nutrição à saúde, no Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, localizado em Ribeirão Preto. O objetivo do evento é promover a integração e atualização entre os pesquisadores das diversas áreas de conhecimento relacionadas ao tema. Os pesquisadores da APTA e da USP apresentarão ainda outros resultados sobre o Programa de Pesquisa Leite Funcional.
O leite de vaca é considerado um dos principais alimentos da nutrição humana por fornecer nutrientes fundamentais para o organismo como proteína, lactose, gordura, vitaminas e minerais. Dentre os minerais presentes, o cálcio é o mais importante, sendo responsável pelo crescimento, desenvolvimento e manutenção dos ossos e dentes. “A composição básica do leite bovino é direcionada para suprir as necessidades nutricionais dos bezerros. Ela pode ser modificada, por meio de mudanças na alimentação das vacas, para torná-lo mais interessante à nutrição humana”, afirma o pesquisador da APTA, Luiz Carlos Roma Junior.
Pensando nisso, os pesquisadores da APTA e da USP alimentaram as vacas com uma quantidade maior do que a exigida de selênio e vitamina E. Com essa mudança foi possível dobrar os níveis desses nutrientes no leite consumido por 90 crianças, estudantes da escola C.A.I.C Professora Stela Stefanini Bacci, do município de Casa Branca, interior de São Paulo. As crianças, da primeira a terceira série, que permanecem na escola por tempo integral, ingeriram o leite funcional por três meses. A pesquisa foi autorizada pelos pais. De acordo com os pesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, Arlindo Saran Netto e Marcus Antonio Zanetti, ao analisar o sangue das crianças foi constatado que as que receberam leite desnatado (comum) tiveram redução de 15% na concentração de vitamina E no plasma sanguíneo e as que receberam o leite funcional tiveram acréscimo de 160% de selênio e 33% de vitamina E.
A segunda parte do experimento foi realizada com 130 idosos, de 78 anos, moradores da Casa do Vovô, em Ribeirão Preto (SP). Segundo os pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, Hélio Vannucchi e Karina Pfrimer, uma avaliação preliminar do consumo alimentar de idosos, sem levar em conta o consumo do leite ofertado, verificou que eles consumiam alta quantidade de gordura total, saturada, poli-insaturada e baixa quantidade de selênio e vitamina E, de acordo com a recomendação da faixa etária.
“Dos exames bioquímicos sanguíneos avaliados antes e depois da suplementação, destacam-se o colesterol e o LDL, que apresentaram redução nos níveis plasmáticos nos grupos que consumiram o óleo de girassol”, afirma Pfrimer. No grupo que consumiu leite com óleo de girassol, selênio e vitamina E, o exame de LDL mostrou redução de 16% após a suplementação na alimentação dos animais, mostrando que o consumo do leite enriquecido com nutrientes obteve efeito benéfico no perfil sanguíneo lipídico dos idosos.
De acordo com Pfrimer, os níveis de vitaminas antioxidantes tiveram mudança após a suplementação, mas sem diferenças significativas nos grupos suplementados. “Os dados preliminares dos exames imunológicos indicam mudança entre os grupos que consumiram leite com vitaminas antioxidantes e o leite com óleo de girassol. No entanto, ainda faltam outras análises complementares para a conclusão do estudo”, afirma.
Além da melhora na saúde humana por conta do leite, a dieta enriquecida ministrada para as vacas também trouxe benefícios aos animais, como redução de 30% na ocorrência da doença mastite. “O selênio e a vitamina E também agem com os antioxidantes, protegendo as membranas celulares contra substâncias tóxicas e radicais livres que podem causar sérios danos às estruturas das células, acelerando o processo de envelhecimento e desencadeando algumas formas cancerígenas”, afirma a pesquisadora da APTA, Márcia Saladini Vieira Salles.
O Programa de Pesquisa Leite Funcional começou a ser desenvolvido pela parceria APTA, por meio do Polo Regional Centro-Leste, com a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos/USP e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Com a realização do 1º Workshop leite funcional: da nutrição à saúde o grupo de pesquisadores pretende reforçar a parceria existente, agregar novos estudiosos ao programa e discutir novas demandas de pesquisa na área.
Em novembro de 2012, com o apoio da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a APTA inaugurou o Laboratório de Qualidade do Leite (Aptalac), para intensificar as pesquisas com o leite funcional. No laboratório, estão sendo feitas análises de composição, físico-químicas e microbiológicas do leite. Além de servir para os estudos do leite funcional, são feitas também análises da qualidade do leite dos produtores rurais da região de Ribeirão Preto e condutividade do leite de diversas raças de gado. O Aptalac foi construído com recursos da APTA. Os equipamentos e os projetos de pesquisas foram financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Workshop leite funcional: da nutrição à saúde. A APTA e a USP realizam, em 22 e 23 de outubro, o 1º Workshop leite funcional: da nutrição à saúde, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Durante o evento, serão apresentados os dados de pesquisa sobre o leite funcional. O objetivo do workshop é promover a integração e atualização entre os pesquisadores das diversas áreas do conhecimento relacionados ao tema, além de proporcionar o debate sobre projetos que visam à modificação da composição do leite para atender a demanda atual por nutrientes necessárias para a alimentação da população. O evento tem como público-alvo pesquisadores da área animal, de saúde e nutrição humana.
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As pesquisas para o desenvolvimento do leite funcional – enriquecido com selênio, óleo de girassol e vitamina E –, têm seus primeiros resultados divulgados. Pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA, São Paulo/SP) e da Universidade de São Paulo (USP, São Paulo/SP), responsáveis pelos estudos, afirmam que as crianças que receberam o alimento tiveram aumento de 160% nos níveis de selênio no sangue e 33% no de vitamina E. Os idosos tiveram redução de 16% na quantidade de LDL (mau colesterol). Além dos resultados positivos para os humanos, a alimentação enriquecida ministrada às vacas, diminuiu em 30% a ocorrência da doença mastite nos animais, o que aumentou a produção de leite. A pesquisa da APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e da USP é a única do Brasil que alia avaliação zootécnica com análise na saúde humana em um mesmo experimento.
Em 22 e 23 de outubro será realizado pela APTA e pela USP o 1º Workshop leite funcional: da nutrição à saúde, no Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, localizado em Ribeirão Preto. O objetivo do evento é promover a integração e atualização entre os pesquisadores das diversas áreas de conhecimento relacionadas ao tema. Os pesquisadores da APTA e da USP apresentarão ainda outros resultados sobre o Programa de Pesquisa Leite Funcional.
O leite de vaca é considerado um dos principais alimentos da nutrição humana por fornecer nutrientes fundamentais para o organismo como proteína, lactose, gordura, vitaminas e minerais. Dentre os minerais presentes, o cálcio é o mais importante, sendo responsável pelo crescimento, desenvolvimento e manutenção dos ossos e dentes. “A composição básica do leite bovino é direcionada para suprir as necessidades nutricionais dos bezerros. Ela pode ser modificada, por meio de mudanças na alimentação das vacas, para torná-lo mais interessante à nutrição humana”, afirma o pesquisador da APTA, Luiz Carlos Roma Junior.
Pensando nisso, os pesquisadores da APTA e da USP alimentaram as vacas com uma quantidade maior do que a exigida de selênio e vitamina E. Com essa mudança foi possível dobrar os níveis desses nutrientes no leite consumido por 90 crianças, estudantes da escola C.A.I.C Professora Stela Stefanini Bacci, do município de Casa Branca, interior de São Paulo. As crianças, da primeira a terceira série, que permanecem na escola por tempo integral, ingeriram o leite funcional por três meses. A pesquisa foi autorizada pelos pais. De acordo com os pesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, Arlindo Saran Netto e Marcus Antonio Zanetti, ao analisar o sangue das crianças foi constatado que as que receberam leite desnatado (comum) tiveram redução de 15% na concentração de vitamina E no plasma sanguíneo e as que receberam o leite funcional tiveram acréscimo de 160% de selênio e 33% de vitamina E.
A segunda parte do experimento foi realizada com 130 idosos, de 78 anos, moradores da Casa do Vovô, em Ribeirão Preto (SP). Segundo os pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, Hélio Vannucchi e Karina Pfrimer, uma avaliação preliminar do consumo alimentar de idosos, sem levar em conta o consumo do leite ofertado, verificou que eles consumiam alta quantidade de gordura total, saturada, poli-insaturada e baixa quantidade de selênio e vitamina E, de acordo com a recomendação da faixa etária.
“Dos exames bioquímicos sanguíneos avaliados antes e depois da suplementação, destacam-se o colesterol e o LDL, que apresentaram redução nos níveis plasmáticos nos grupos que consumiram o óleo de girassol”, afirma Pfrimer. No grupo que consumiu leite com óleo de girassol, selênio e vitamina E, o exame de LDL mostrou redução de 16% após a suplementação na alimentação dos animais, mostrando que o consumo do leite enriquecido com nutrientes obteve efeito benéfico no perfil sanguíneo lipídico dos idosos.
De acordo com Pfrimer, os níveis de vitaminas antioxidantes tiveram mudança após a suplementação, mas sem diferenças significativas nos grupos suplementados. “Os dados preliminares dos exames imunológicos indicam mudança entre os grupos que consumiram leite com vitaminas antioxidantes e o leite com óleo de girassol. No entanto, ainda faltam outras análises complementares para a conclusão do estudo”, afirma.
Além da melhora na saúde humana por conta do leite, a dieta enriquecida ministrada para as vacas também trouxe benefícios aos animais, como redução de 30% na ocorrência da doença mastite. “O selênio e a vitamina E também agem com os antioxidantes, protegendo as membranas celulares contra substâncias tóxicas e radicais livres que podem causar sérios danos às estruturas das células, acelerando o processo de envelhecimento e desencadeando algumas formas cancerígenas”, afirma a pesquisadora da APTA, Márcia Saladini Vieira Salles.
O Programa de Pesquisa Leite Funcional começou a ser desenvolvido pela parceria APTA, por meio do Polo Regional Centro-Leste, com a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos/USP e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Com a realização do 1º Workshop leite funcional: da nutrição à saúde o grupo de pesquisadores pretende reforçar a parceria existente, agregar novos estudiosos ao programa e discutir novas demandas de pesquisa na área.
Em novembro de 2012, com o apoio da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a APTA inaugurou o Laboratório de Qualidade do Leite (Aptalac), para intensificar as pesquisas com o leite funcional. No laboratório, estão sendo feitas análises de composição, físico-químicas e microbiológicas do leite. Além de servir para os estudos do leite funcional, são feitas também análises da qualidade do leite dos produtores rurais da região de Ribeirão Preto e condutividade do leite de diversas raças de gado. O Aptalac foi construído com recursos da APTA. Os equipamentos e os projetos de pesquisas foram financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Workshop leite funcional: da nutrição à saúde. A APTA e a USP realizam, em 22 e 23 de outubro, o 1º Workshop leite funcional: da nutrição à saúde, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Durante o evento, serão apresentados os dados de pesquisa sobre o leite funcional. O objetivo do workshop é promover a integração e atualização entre os pesquisadores das diversas áreas do conhecimento relacionados ao tema, além de proporcionar o debate sobre projetos que visam à modificação da composição do leite para atender a demanda atual por nutrientes necessárias para a alimentação da população. O evento tem como público-alvo pesquisadores da área animal, de saúde e nutrição humana.