Dois novos estudos aprovados em edital da Fapesp vão avaliar a eficácia de dois fármacos e a dinâmica de transmissão do coronavírus em uma cidade amazônica endêmica para malária
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) divulgou em 31 de março os dois primeiros auxílios aprovados no âmbito do edital “Suplementos de Rápida Implementação contra Covid-19 (Coronavirus Disease 2029)”, lançado no dia 21 do mesmo mês. O processo de análise das propostas pela Diretoria Científica foi concluído em quatro dias.
Um dos estudos visa avaliar a eficácia de dois fármacos no combate à inflamação pulmonar em pacientes graves. O outro pretende avaliar a dinâmica de transmissão do novo coronavírus em uma cidade amazônica endêmica para malária.
Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os professores do Departamento de Clínica Médica, Licio Velloso e Maria Luiza Moretti vão coordenar um ensaio clínico com 180 pacientes internados no Hospital de Clínicas com quadro de edema pulmonar confirmado por exame de tomografia. O objetivo é testar a eficácia de dois medicamentos já aprovados para uso humano no tratamento da inflamação aguda e de rápida progressão que tem levado à morte parte dos infectados pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).
No segundo projeto aprovado, será estudada a dinâmica de transmissão do novo coronavírus em uma pequena cidade amazônica chamada Mâncio Lima, situada no Estado do Acre, na fronteira com o Peru. A pesquisa será coordenada pelo professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) Marcelo Urbano Ferreira que há muitos anos realiza estudos de campo na região com o objetivo de combater a malária.
“Com 18 mil habitantes, Mâncio Lima é o município brasileiro com maior incidência de malária. Temos realizado inquéritos domiciliares com uma amostra da população a cada seis meses. Visitamos 2 mil pessoas, aplicamos questionários e colhemos amostras de sangue para diversos estudos”, conta Ferreira. O trabalho tem sido feito no âmbito do Projeto Temático “Bases científicas para a eliminação da malária residual na Amazônia Brasileira”.
“Com a chamada, a Fapesp busca estimular pesquisadores que já tenham financiamento a redirecionar recursos financeiros e humanos de seus projetos a temas que contribuam para o enfrentamento da pandemia Covid-19. As propostas são analisadas à medida que são apresentadas, avaliando-se a dimensão dos recursos redirecionados frente aos solicitados e a qualidade e impacto da contribuição científica potencial”, explica Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação.
A chamada permanecerá aberta até 22 de junho de 2020 a propostas de pesquisa de curto prazo, como suplementos em auxílios vigentes nas modalidades Projeto Temático, Jovens Pesquisadores, Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) ou Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE).
Os projetos deverão redirecionar parte de seu esforço de pesquisa para contribuir de forma significativa ao entendimento e superação do risco representado pelo vírus SARS-Cov-2 e/ou possíveis caminhos para sua gestão ou prevenção.
O valor oferecido no edital é de R$ 10 milhões. A duração dos projetos deve ser de 24 meses. Cada proposta pode solicitar até o valor máximo de R$ 100 mil por ano. Além desse valor, as propostas podem solicitar uma Bolsa de Pós-Doutorado, com duração de até 24 meses.
Mais informações em: www.fapesp.br/14082.
(Fonte: Jornal da Ciência - 03/04/20)