Notícia

Correio da Paraíba

Pesquisadores usam mosquitos trangênicos contra a dengue

Publicado em 27 fevereiro 2011

São Paulo (Agência Fapesp) Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da empresa Oxitec (U.K.), em parceria com a Moscamed Brasil estão desenvolvendo em Juazeiro, no norte da Bahia, uma nova tecnologia que visa o estudo da biologia, ecologia e controle do Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus da dengue. As pesquisas desenvolvidas pelas instituições objetivam bloquear e reduzir a transmissão dessa patologia por meio da liberação planejada no ambiente de mosquitos geneticamente modificados.

A notícia, tida como mais uma importante ferramenta de combate à doença, foi destacada pelo secretário Estadual de Saúde, Jorge Solla, durante apresentação da campanha publicitária de combate à dengue, realizada na manhã de ontem pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em visita a Salvador, no Salão Nobre da Reitoria da Ufba.

Ainda na ocasião, cumprindo uma extensa programação organizada pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) juntamente com o governador Jaques Wagner, Solla e outras autoridades políticas, o ministro fez a entrega de 34 ambulâncias ao Estado, sendo cinco de Suporte Avançado, 11 de Suporte Básico e 18 ambulâncias para reposição da frota. O Ministério da Saúde investiu 4,6 milhões na aquisição dessas ambulâncias, cabe ao governo do estado o custeio da frota. O ministro participou ainda das inaugurações da Farmácia Popular da Ufba e da Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (Unasus/BA).

Na Bahia, de acordo com informações da Sesab, 198 municípios correm risco de ter uma epidemia de dengue este ano. Desses, 92 têm risco muito alto e 106 tem risco alto para a doença. Até o último dia 22 de janeiro, foram registrados 1.608 casos de dengue na Bahia. No mesmo período de 2010, esse número chegou a 2.341 casos, correspondendo a uma redução de 31,5%.

Parceria da USP e Moscamed

Sobre a nova tecnologia desenvolvida em Juazeiro, um laboratório de campo de insetos transgênicos - reconhecido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) - foi instalado na Moscamed, em Juazeiro, graças a um convênio de cooperação técnica e administrativa firmado entre a Moscamed e a Usp. Neste laboratório, serão realizados ensaios de campo, como dispersão, liberação e compatibilidade da linhagem OX513A de Aedes aegypti RIDL, com a linhagem selvagem.

O convênio tem duração de cinco anos, podendo ter esse prazo prorrogado. O laboratório foi estabelecido na Moscamed, pois esta se trata de uma biofábrica que produz machos estéreis de moscas-das-frutas para controle biológico de pragas agrícolas. "A integração dos técnicos da Moscamed com os pesquisadores e estudantes da USP será uma associação de grande valia para novas tecnologias no controle de mosquitos", ressalta Aldo Malavasi, diretor presidente da Moscamed.

Para a coordenadora do Programa de Controle Genético do Mosquito Aedes aegypti, Margareth Capurro, além do interesse acadêmico em ensino, pesquisa e extensão, esse convênio possibilita ainda a realização de ensaios de campo em áreas isoladas do sertão da Bahia. "Com estudos da estrutura e dispersão dos mosquitos, será possível estender a utilização de técnicas de machos estéreis na supressão de populações do Aedes aegypti para o Culex quiquefasciatus, conhecido popularmente como muriçoca", afirma.