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Pesquisadores sequenciam o genoma de uma das plantas utilizadas no chá ayahuasca (12 notícias)

Publicado em 13 de janeiro de 2023

Um grupo de pesquisadores de diferentes universidades do Brasil, como a Universidade Estadual Paulista (Unesp), obteve o sequenciamento genético de uma das plantas utilizadas no preparo do chá ayahuasca, conhecido também como santo daime. A iniciativa pioneira faz parte de uma pesquisa que estuda a flora utilizada no preparo do chá, utilizado por mais de 70 povos indígenas amazônicos. Entre os profissionais envolvidos estão neurocientistas, geneticistas, biólogos moleculares, botânicos e especialistas no sequenciamento genético.

O objetivo do projeto é entender quais genes se associam à produção da dimetiltriptamina (DMT), substância psicodélica e, a partir disso, produzir conhecimento para utilizar as plantas brasileiras no tratamento de doenças mentais.

O ayahuasca pode ser preparado de diversas formas, mas a mais comum, utilizada por grupos religiosos, envolve o uso de duas espécies de plantas. O cipó Banisteriopsis caapi, conhecido como jagube ou mariri, e a Psychotria viridis, que é chamada de chacrona ou rainha, são macerados e submetidos a um cozimento prolongado.

Segundo os cientistas, a alteração da consciência é causada pela ação bioquímica de duas substâncias: a dimetiltriptamina (DMT), encontrada nas folhas da chacrona, e alcaloides presentes no cipó mariri, que prolongam e potencializam o efeito da DMT. O projeto brasileiro tenta obter o sequenciamento detalhado do genoma de ambas as espécies e, posteriormente, descobrir quais são as enzimas que produzem o DMT.

O primeiro produto deste trabalho foi publicado em outubro deste ano na revista PeerJ, na forma de um artigo em que os pesquisadores analisaram os genomas da chacrona.

Indígenas usam plantas psicodélicas em rituais religiosos

A ayahuasca é usada por grupos indígenas da região do Amazonas em rituais religiosos e de cura. O preparo também é usado por grupos religiosos e ganhou uma pluralidade de nomes. O termo ayahuasca, vem da língua andina quechua, do Peru, e significa “cipó dos mortos”.

Segundo os pesquisadores, a principal característica da bebida é sua capacidade de alterar a consciência, aguçar os sentidos e ampliar a cognição. A pessoa que bebe o chá ayahuasca se sente motivada a buscar uma conexão com o divino.

Esse conhecimento tradicional atraiu a academia e há equipes especializadas de estudo até mesmo na Europa e nos Estados Unidos. O chá já é utilizado em diferentes países, como a Austrália e o Japão.

O objetivo do projeto brasileiro é valorizar o conhecimento tradicional indígena e ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira.