O artigo sobre bactérias dos Campos Rupestres capazes de capturar e disponibilizar fósforo para plantas, publicado no âmbito do Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC), uma parceria entre a Embrapa e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi um dos três premiados como Melhor Artigo da ISME Journal 2023. O prêmio reconhece os artigos mais impactantes publicados na ISME Journal no último ano, celebrando contribuições significativas para o campo da ecologia microbiana.
O artigo “Plant microbiomes harbor potential to promote nutrient turnover in impoverished substrates of a Brazilian biodiversity hotspot” é resultante da tese de doutorado de Antonio P. Camargo e contou com a contribuição dos pesquisadores da Embrapa Agricultura Digital Isabel R. Gerhardt e Ricardo A. Dante, além de Rafael S. C. de Souza, Juliana Jose, Supratim Mukherjee, Marcel Huntemann, Nikos C. Kyrpides, Marcelo F. Carazzolle e Paulo Arruda.
A pesquisa premiada aborda a descoberta de bactérias altamente eficientes na captura e solubilização de fósforo, tornando-o disponível para as plantas. Estes microrganismos foram encontrados nos Campos Rupestres, localizados na região central do Brasil, conhecidos por abrigarem uma diversidade significativa de plantas, apesar de serem ambientes pobres em fósforo e com solos muito ácidos.
O estudo mostrou que essas bactérias possuem cerca de 25% mais genes relacionados à solubilização de fósforo do que aquelas encontradas em outros ambientes, permitindo que plantas como Vellozia epidendroides e Barbacenia macrantha sobrevivam em condições adversas. As plantas, por sua vez, secretam compostos orgânicos pelas raízes que atraem essas bactérias, formando uma relação simbiótica que facilita a nutrição vegetal.
A descoberta abre caminho para o desenvolvimento de novos biofertilizantes, o que poderia reduzir a dependência do Brasil de fertilizantes fosfatados importados, diminuir os impactos ambientais e econômicos associados ao uso de fertilizantes químicos, e contribuir para uma agricultura mais sustentável.
Impacto dentro e fora da Academia
O processo de seleção dos artigos incluiu basicamente duas fases. A primeira seleção foi feita por um conjunto de métricas relacionadas à repercussão do artigo dentro e fora da academia. Na segunda fase, os artigos foram avaliados por seu conteúdo, o que incluiu a avaliação de artigos de alto impacto que elevaram o perfil do ISME Journal e destacaram descobertas excepcionais no campo da ecologia microbiana.
Desde que foi colocado no ar, em dezembro de 2022, o artigo alcançou mais de 11 mil acessos, 20 citações e Altimetrics Score de 88 - que mede engajamento e a disseminação da pesquisa em jornais online, redes sociais e blogs.
A pontuação de Altimetrics Score posicionou o artigo premiado entre os 3% mais citados de um total de 484.069 artigos publicados no mesmo período em todas as revistas, demonstrando sua relevância e influência. Especificamente no The ISME Journal, o artigo está atualmente em segundo lugar entre 35 artigos de idade semelhante. Esses dados indicam que o artigo tem sido amplamente referenciado e reconhecido dentro e fora da academia.
Sobre o GCCRC
O Centro de Pesquisa Genômica para Mudanças Climáticas (GCCRC) é um centro de pesquisa conjunto Embrapa/Unicamp, cuja missão principal é a criação de ativos biotecnológicos por meio da genômica aplicada à adaptação de cultivos aos estresses associados às mudanças climáticas. O GCCRC construiu e expandiu a Unidade Mista de Pesquisa em Genômica Aplicada à Mudança Climática (UMiP GenClima), uma iniciativa entre Embrapa e Unicamp estabelecida em 2012. O centro reune cientistas em um laboratório de ponta financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por meio do programa Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) e do Programa Microbiome Support, financiado pelo programa de pesquisa e inovação Horizon 2020 da União Europeia.
Paula Drummond de Castro
Centro de Pesquisa em Genômica para Mudanças Climáticas (GCCRC)
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Tradução em inglês: Mariana Medeiros (13044/DF)
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