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Direto da Ciência

Pesquisadores lançam instituto em rede para inteligência artificial (1 notícias)

Publicado em 27 de fevereiro de 2019

Por Fábio de Castro

Um grupo de 25 pesquisadores de oito universidades e faculdades do Estado de São Paulo acaba de lançar uma iniciativa para estreitar a colaboração entre a academia e o setor privado na área de inteligência artificial.

Lançado nesta terça-feira (26) em São Paulo, o Instituto Avançado para Inteligência Artificial (AI2, na sigla em inglês) atuará como um consórcio de pesquisadores com o objetivo de facilitar as parcerias entre empresas e cientistas para estimular o desenvolvimento de projetos conjuntos de alto impacto socioeconômico em áreas como inteligência artificial, aprendizado de máquina, big data e robótica.

De acordo com um dos idealizadores da iniciativa, Sergio Novaes, professor do Instituto de Física Teórica (IFT) da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), uma das principais metas é fornecer uma estrutura organizacional enxuta e eficiente para dar autonomia aos pesquisadores no relacionamento com o setor privado, respeitando os contornos da atividade acadêmica.

Sem fins lucrativos, o instituto conta por enquanto com pesquisadores de oito instituições paulistas: Unesp, Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Presbiteriana Mackenzie, Grupo Fleury e Centro Universitário FEI.

Segundo Novaes, que também é e diretor do Núcleo de Computação Científica (NCC) da Unesp, a participação no AI2 está aberta para pesquisadores de qualquer instituição brasileira e do exterior.

Rede de coworkings

O novo instituto não terá uma sede física centralizada, mas funcionará em uma rede de espaços de coworking, conectados por um sistema integrado de videoconferência persistente. Os pesquisadores que atuarão como mentores dos projetos com o setor privado permanecerão em suas instituições.

“O AI2 pretende prover para a iniciativa privada um ponto de acesso a pesquisadores altamente qualificados do meio acadêmico que venham trabalhando com inteligência artificial. Queremos servir de facilitadores e fomentadores de atividades inovadoras que utilizam os avanços da tecnologia digital para desenvolver projetos relevantes que tenham impacto socioeconômico”, disse Novaes a Direto da Ciência.

Novaes afirma que os projetos a serem desenvolvidos no AI2 devem atender simultaneamente aos interesses da iniciativa privada e do meio acadêmico, influenciando políticas públicas para o desenvolvimento da área. Ele explica que o impacto socioeconômico dos avanços recentes em inteligência artificial tem sido importante, com aplicações em veículos autônomos, diagnóstico médico, assistência física a deficientes e idosos, segurança pública e em outras áreas.

Plataforma digital

“Vários países já introduziram uma política de estado nessa área estratégica e o presente atraso do Brasil pode comprometer não apenas o desenvolvimento científico e econômico, mas até mesmo a soberania nacional”, afirmou Novaes.

Ele afirma que grandes potências como China, Estados Unidos, Reino Unido, França, Canadá e Japão têm investido pesadamente em inteligência artificial, por entenderem que ela é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento nacional.

Por enquanto, os pesquisadores do AI2 atuarão em três frentes: a pesquisa básica em áreas como a física de altas energias, a pesquisa aplicada, em áreas como engenharia do petróleo e a área de robótica, à qual é atribuído grande potencial na produção industrial e na melhoria da qualidade de vida.

Segundo Novaes, o grupo envolvido com o AI2 já está envolvido com uma série de projetos que serão impulsionados e terão suas atividades ampliadas, agregando a participação de empresas. O grupo agora está trabalhando no desenvolvimento de uma plataforma digital onde pesquisadores e empresas poderão entrar em contato para apresentar ideias e propostas de patrocínio.

Leia também:

“Terreno fértil para a inteligência artificial” (Suzel Tunes, Pesquisa Fapesp). “Centro para pesquisas de impacto em inteligência artificial será lançado terça, na Unesp” (Ricardo Aguiar, Portal Unesp) “USP vai integrar consórcio de pesquisa sobre inteligência artificial” (Jornal da USP) Imagem acima: AI2/Divulgação.