O gene, chamado TRIB3, pode diminuir a replicação do vírus dentro da célula, de acordo com estudo feito no Instituto de Biociências da Unesp Um estudo realizado no Instituto de Biociências (IBB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) identificou um gene que pode estar associado a interações entre proteínas pulmonares e o novo coronavírus. Isso pode indicar um método de combate à doença.
Os pesquisadores identificaram a alteração na expressão de um gene chamado TRIB3, responsável pela produção de uma proteína de mesmo nome e que tem alta probabilidade de interagir com a proteína do novo coronavírus em células epiteliais do pulmão – essas células fazem o revestimento interno do órgão e são alvos preferenciais do novo coronavírus. Segundo o estudo, essa proteína já foi anteriormente relatada como capaz de diminuir a infecção e a replicação de outros vírus.
“A TRIB3 tem o potencial de interagir com proteínas do vírus e isso pode, por exemplo, diminuir a replicação do vírus dentro da célula, como já demonstrado para o vírus da hepatite C. Ou seja, existe a possibilidade de que uma interação da TRIB3 com proteínas do SARS-CoV-2 [novo coronavírus] iniba o ciclo biológico do vírus”, disse o pesquisador do IBB da Unesp, Robson Carvalho, que lidera o estudo.
O gene TRIB3 diminui sua expressão em pessoas idosas do sexo masculino, o que pode ajudar a explicar a ocorrência de casos mais graves nessa população. Com esses resultados, de acordo com os pesquisadores, compostos capazes de reverter esse processo e que consigam estimular a expressão de TRIB3 devem ser avaliados como potencial tratamento contra o novo coronavírus.
Segundo Carvalho, na Europa, já há uma empresa espanhola realizando ensaios clínicos com um medicamento contra o câncer de endométrio que é capaz de aumentar a atuação da TRIB3.
Início do estudo
O trabalho de pesquisa começou há cerca de um ano, mas estava voltado para o estudo da caquexia – perda de peso e atrofia muscular – em pacientes com câncer de pulmão. Os pesquisadores estudavam o perfil da expressão do gene ao longo do envelhecimento do pulmão. Em março, com a pandemia da covid-19, os cientistas redirecionaram o trabalho para pesquisar a doença, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
“A nossa ideia inicial era identificar moléculas que são secretadas pelo pulmão e que podem eventualmente atuar em outros órgãos e tecidos. Conversamos e pensamos ‘se estamos analisando moléculas liberadas pelo tumor do pulmão que podem atuar em outros órgãos, poderíamos pensar em uma abordagem semelhante e avaliar a interação entre proteínas pulmonares e proteínas do vírus da covid-19’”, explicou Carvalho.
Com informações da Agência Brasil