Pesquisadores que se tornaram empresários por meio do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), terão nos próximos quatro meses um treinamento que visa incrementar a capacitação gerencial aos seus conhecimentos técnicos. A iniciativa é fruto da parceria entre a Fapesp, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP) e o Instituto Empreender Endeavor, e procura corrigir a maior deficiência desses empreendedores: a falta de conhecimento no mundo empresarial. Serão investidos R$ 808 mil para que o treinamento, batizado de PIPE Empreendedor, seja realizado.
Empresas como a Clorovale Diamante, fabricante de produtos com base em diamante sintético, e a Dentalis Software, indústria de software para o segmento odontológico, participam do evento, que têm 94 empreendedores, divididos em quatro turmas, cada uma com aulas quinzenais a serem realizadas até 17 de julho. O treinamento começou na sexta-feira, dia 6.
José Fernando Perez, diretor-científico da Fapesp, diz que o treinamento vem para corrigir a dificuldade dos empreendedores do PIPE em elaborar um plano de negócios, um dos requisitos para se conseguir financiamento da Fapesp. "Esse é um problema comum para quem sai da academia para o mercado", afirma.
Perez informa que esse programa já financiou 313 projetos e 272 empresas. O diretor comenta que ele se divide em três fases. Na primeira, é apresentado um estudo de viabilidade do projeto, que passa por uma avaliação da Fapesp. Se for aprovado, a fundação pode financiar até R$ 75 mil. Na segunda, o projeto, já viabilizado do ponto de vista técnico, precisa de um plano de negócio e pode ser financiado em até R$ 300 mil.
A terceira, é o desenvolvimento do produto e não conta com investimentos Fapesp. Entretanto, Ricardo Teles, coordenador do PIPE Empreendedor, informa que o treinamento deve atuar nessa fase a partir de agora, não necessariamente sobre o produto, mas na capacitação gerencial.
De acordo com a Fapesp, o PIPE, criado em 1998, investiu até hoje, em todas as fases, por volta de R$ 51 milhões. Perez conta que dos R$ 808 mil do PIPE Empreendedor, a Fapesp será responsável por cerca de 10% e o Sebrae, por 90%.
Já o Instituto Empreender Endeavor — entidade sem fins lucrativos com o objetivo de fomentar a cultura empreendedora — é responsável pelos profissionais que darão o treinamento, além de monitorar durante um ano o acesso desses pequenos empresários ao mercado e intermediar a relação deles com grandes investidores. "Esse treinamento visa capacitar esse grupo que considero a melhor matéria-prima de empresas emergentes de base tecnológica do país", diz Marília Roca, diretora-geral do instituto.
Um exemplo desse potencial é a Clorovale Diamante, que lançou em 2003 um produto inédito no mercado mundial: a broca odontológica com ponta de diamante sintético para aparelhos de ultra-som. O produto substitui o tradicional "motorzinho" de dentista, porém, com menos dor e maior precisão. Vladimir Airoldi, diretor da Clorovale Diamante, diz que em 2003 a empresa, que tem apenas seis anos de existência, sendo cinco sem atuar no mercado, faturou R$ 400 mil. Nos próximos dois anos, a expectativa é atingir uma receita de R$ 28 milhões.
Já a Dentalis, que possui cerca de 12 mil clientes em todo o País e exporta para Argentina, Peru, Uruguai e Portugal, desenvolve um software que serve para gerenciar os tratamentos odontológicos, através de um banco de dados clínico dos pacientes, e também gere o setor financeiro do consultório.
A empresa faturou, em 2003, na faixa de R$ 600 mil a R$ 800 mil e espera crescer 30% este ano, segundo Sérgio Aronis, diretor da Dentalis. Aronis conta que a empresa está desenvolvendo um projeto, através do PIPE, que visa criar um software para rede pública de saúde, que serviria para armazenar dados clínicos da saúde bucal de uma comunidade. Até agora, a Fapesp e a empresa investiram juntas R$ 100 mil nesse projeto.
Notícia
DCI