Pesquisadores do Laboratório de Ciências Químicas da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) desenvolveram um sabonete que age como repelente contra o mosquito Aedes aegypti.
O produto, cujo efeito pode durar até seis horas, foi criado a partir de uma mistura de glicerina, obtida em óleo de cozinha reciclado, com essências naturais de plantas como cravo-da-índia, citronela e capim-limão, essas duas últimas nativas do Brasil. A fórmula conta ainda com outras substâncias químicas, que ajudam a aumentar o tempo de ação do produto.
Segundo o coordenador da pesquisa, Edmílson José Maria, afirmou à Agência Fapesp, os testes serão ampliados para apurar se o sabonete tem ação também contra outros vetores.
O processo de obtenção de patente do produto junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) teve início, assim como o pedido de aprovação da formulação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com José Maria, a eficácia do sabonete foi comprovada em testes com cobaias e humanos. Primeiramente, o sabonete foi usado em camundongos. Nos testes em humanos, o produto foi aplicado na mão e no antebraço de voluntários da universidade. Em seguida, os voluntários tiveram os braços inseridos em gaiolas cheias de mosquitos Aedes aegypti que não continham o vírus da dengue.
A contraprova foi feita com a mesma base do sabonete sem as substâncias repelentes e houve alto número de pousos dos mosquitos na pele dos voluntários.
Produto acessível
José Maria explica que a criação de um repelente em forma de sabão surgiu da idéia de disponibilizar um produto economicamente acessível à população carente das grandes cidades que não têm acesso a ferramentas mais sofisticadas de combate à dengue. O preço do produto ainda não foi definido.
A intenção, em um primeiro momento, é disponibilizar o produto a órgãos públicos ligados à saúde do Rio de Janeiro. Para isso, a equipe da Uenf está atualmente trabalhando, com financiamento da própria universidade, na produção de um lote de mil unidades do sabonete para enviá-lo aos poderes público municipal e estadual, que deverá repassar o produto à sociedade. A previsão é que até o fim deste mês o lote esteja pronto.
Campos dos Goytacazes, que abriga o campus da Uenf, é a terceira cidade do Estado do Rio de Janeiro em número de casos de dengue registrados em 2008, ficando atrás apenas da capital fluminense e de Nova Iguaçu. De janeiro a abril deste ano, houve aproximadamente 6 mil casos da doença na cidade, com 16 mortes registradas, segundo o pesquisador.
Pulseira repelente é vetada
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a suspensão da fabricação, distribuição, comércio e uso, em todo território nacional, da pulseira de citronela, usada como repelente natural do mosquito transmissor da dengue. Segundo a Anvisa, não há registro do produto e nem da empresa responsável pela comercialização.