O grupo liderado pela pesquisadora Ana Lucia Tabet Oller Nascimento, do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan, criou a proteína rChi2. Esta proteína sintética é composta por fragmentos das 10 principais proteínas de superfície da bactéria Leptospira, que são rapidamente detectadas pelo sistema imunológico durante uma infecção. O estudo, publicado na revista Tropical Medicine and Infectious Disease, apresenta um pedido de patente já depositado em março deste ano.
No teste, a rChi2 foi purificada e utilizada em um diagnóstico sorológico do tipo ELISA, que busca anticorpos no soro dos pacientes. A proteína demonstrou eficácia ao ser reconhecida por anticorpos tanto no início da doença, onde o teste padrão frequentemente falha, quanto na fase de recuperação, detectando a doença em 75% e 82% das amostras, respectivamente.
Luis Guilherme Virgílio Fernandes, biotecnólogo e primeiro autor da pesquisa, explica que o teste convencional enfrenta limitações, pois demora mais de 10 dias para o corpo produzir anticorpos aglutinantes detectáveis. Além disso, o método MAT exige uma grande coleção de bactérias Leptospiras vivas e alta expertise técnica, restringindo sua aplicação a laboratórios de referência.
Ana Lucia destaca que, embora o novo teste seja promissor, o método padrão continua sendo importante por seu valor epidemiológico, ajudando a identificar os sorotipos de Leptospira em circulação.
A nova abordagem do Butantan também se destaca por sua especificidade de 99%, evitando reações cruzadas com outras doenças infecciosas como dengue, malária, HIV e Doença de Chagas. Isso significa que o teste identifica especificamente anticorpos contra a leptospirose.
A inovação do Butantan abre caminho para o diagnóstico precoce da leptospirose, facilitando o tratamento e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Os pesquisadores já planejam o desenvolvimento de um teste rápido, similar aos utilizados para a Covid-19, que poderia usar a mesma proteína quimérica para testes via urina ou sangue.