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Pesquisadores detectam agrotóxicos na água da chuva em três cidades paulistas (13 notícias)

Publicado em 28 de abril de 2025

Um estudo brasileiro divulgado na revista Chemosphere detectou agrotóxicos na água da chuva das cidades: Brotas, Campinas e São Paulo. A pesquisa é intitulada “Pesticidas em águas pluviais: estudo de ocorrência de dois anos em compartimento ambiental inexplorado em regiões com diferentes usos do solo no estado de São Paulo – Brasil”.

A professora Cassiana Montagner, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (IQ-Unicamp), coordenou o estudo que coletou e analisou amostras durante 36 meses, entre 2019 e 2021.

A origem dos agrotóxicos na água da chuva está na sua aplicação nas lavouras, pois depois são dissipados na atmosfera. Fenômenos climáticos naturais são responsáveis pela distribuição, entre eles o vento, a umidade e a temperatura.

No processo natural de formação das precipitações, os contaminantes se condensam nas gotas da chuva e retornam ao solo, o que preocupa os pesquisadores visto que a água vai para os corpos d´água.

Agrotóxicos proibido no Brasil Os pesquisadores detectaram a presença de 14 agrotóxicos e cinco compostos derivados, sendo um deles encontrado em todas as amostras, o herbicida atrazina. Um desses 14 agrotóxicos é o fungicida carbendazim, encontrado em 88% das amostras e que chamou atenção porque é proibido no Brasil.

No estudo, o risco dessa contaminação também foi dimensionado. Os níveis de concentrações não ultrapassaram os limites legalmente permitidos no país para a água potável, mas os pesquisadores se preocuparam porque muitas das substâncias encontradas não tem padrões de segurança estabelecidos.

Mas sabe-se que, mesmo em baixas doses, a exposição crônica às substâncias pode causar danos à saúde humana e à vida aquática. Dados realmente preocupantes surgiram na pesquisa, um deles diretamente sobre o herbicida 2,4-D. Sua concentração maior foi detectada em Brotas e preocupa por sua alta capacidade de transporte pelo ar e por ser comprovadamente nocivo para a fertilidade humana. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a aplicação aérea desse agrotóxico em 2023.

Outra preocupação no estudo é que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e que o país utiliza vários produtos que são proibidos na União Europeia, que possui leis mais rígidas e baseadas em evidências científicas. Os pesquisadores sugeriram na pesquisa que o Brasil exerça um maior monitoramento e tratamento baseado no conhecimento científico.

*Texto original da Agência FAPESP

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 12 – Consumo e produção responsáveis.