Cientistas brasileiros estão trabalhando no desenvolvimento de um hidrogel de baixo custo com propriedades anti-inflamatórias, destinado especialmente ao tratamento de feridas crônicas na pele, uma solução recomendada, em particular, para pacientes diabéticos. Desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista e da Universidade Federal de São Paulo, esse produto contém aminoácidos que compõem a proteína AnxA1, abrangendo os aminoácidos do dois ao 26 na cadeia de peptídeos, essenciais para a redução das células inflamatórias.
A eficácia desse composto foi avaliada em experimentos com camundongos, nos quais foi induzido um quadro semelhante ao diabetes tipo 1. Já nos primeiros três dias de utilização do hidrogel inovador, foi observada uma redução significativa da inflamação. Após um período de 14 dias, as feridas estavam completamente cicatrizadas. Em contraste, os camundongos que não receberam o tratamento foram submetidos apenas à aplicação de um hidrogel convencional, sem a presença da proteína, apresentando características típicas da fase aguda da inflamação, com lesões mais intensas no terceiro dia.
Para o farmacêutico e conselheiro federal de Farmácia por Roraima, Adonis Motta Cavalcante, a pesquisa representa um verdadeiro avanço para o tratamento de feridas crônicas, em especial para os pacientes diabéticos. “A cicatrização dessas feridas é difícil de ser resolvida usando tratamento convencional e curativo simples e gera um enorme impacto na qualidade de vida da pessoa acometida. Qualquer descoberta que possa facilitar o tratamento é benéfica para o paciente e para a sociedade como um todo”.
A pesquisa
Esse hidrogel inovador, altamente absorvente, cria um ambiente úmido propício para a cicatrização, demonstrando eficácia ao acelerar o processo de cura da lesão e reduzir o tempo necessário para a completa recuperação.
A coordenadora esclarece em comunicado que o gel ainda está em fase experimental, na etapa pré-clínica, mas existe uma perspectiva significativa de que entre no mercado após passar pela fase clínica, durante a qual será testado em seres humanos. Posteriormente, será necessário obter autorização para a produção em larga escala. Algumas indústrias já manifestaram interesse no novo produto, embora ainda não haja previsão para sua disponibilidade ou preço.
A nota ressalta também que o novo hidrogel é de fácil produção e baixo custo, tornando-o economicamente viável. Os resultados dos testes em animais foram publicados na revista Biomedicine Pharmacotherapy, e o estudo conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.