O segundo menor animal vertebrado do mundo foi identificado em uma localidade de Mata Atlântica, no município de Ubatuba, no litoral norte paulista . A espécie de sapo em miniatura, de apenas 6,95mm, foi descoberta por pesquisadores da Unicamp (Universidade de Campinas).
A nova espécie é atribuída ao gênero Brachycephalus devido ao seu tamanho corporal em miniatura e foi encontrada no Núcleo Picinguaba, na Serra do Mar, na divisa com a cidade de Natividade da Serra (SP), onde se encontra o Projeto Dacnis. Devido ao seu minúsculo tamanho, foi apelidado pelos pesquisadores de sapo-pulga ou rã-pulga.
De acordo com os pesquisadores, essa nova espécie se distingue de seus congêneres por causa de uma combinação de dados morfológicos, bioacústicos e genéricos. Ainda segundo os pesquisadores, apesar de estar entre os menores sapos do mundo, a nova espécie exibe características esqueléticas típicas de sapos maiores, com a presença de ossos cranianos, que são perdidos ou fundidos, em outros tipos de sapos em miniatura.
Os pesquisadores explicam que, animais de grande porte, como baleias e elefantes, com média 32 metros e pesam 150 toneladas, possuem limitações, como o peso, que impõem limite ao seu crescimento, a nova espécie de sapo-pulga também apresenta características únicas relacionadas aos seus tamanhos extremos, incluindo a perda, redução ou fusão de ossos.
Luís Felipe Toledo, professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp e coordenador do estudo, explica: “Existem sapos pequenos com todas as características de sapos grandes, apenas menores. Esse gênero é diferente. Ao longo da evolução, ele passou pelo que chamamos de miniaturização. São características como fusões e perdas de ossos, além da falta de dígitos e outras partes da anatomia”.
Monitoramento
A nova espécie foi encontrada em monitoramento realizado entre junho de 2021 e maio de 2022. A pesquisa, no entanto, foi publicada somente na semana passada, pela revista americana PeerJ . Os pesquisadores da Unicamp realizaram visitas diurnas duas vezes por semana e visitas noturnas uma vez a cada 15 dias, utilizando métodos de busca visual e auditiva.
De acordo com os profissionais, a amostragem visual consistiu na remoção cuidadosa e análise da serapilheira no local específico e em diferentes regiões na reserva Projeto Dacnis. Em alguns casos, sapos individuais foram observados, confirmando-os como machos adultos.
As espécies coletadas foram encaminhadas para a coleção de anfíbios do MDBio (Museu de Diversidade Biológica), da Unicamp e para o Laboratório de Herpetologia da Universidade Estadual Paulista, em São Vicente, na Baixada Santista