Pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IP-FMUSP) acabam de dar mais um importante passo rumo à compreensão das causas do distúrbio bipolar, mais conhecido como psicose maníaco-depressiva, que atinge cerca de 1,8 milhão de pessoas no Brasil. Os psiquiatras Wagner Gattaz e Emmanuel Dias Neto descobriram que uma alteração muito simples em um gene dobra o risco de desenvolver a doença.
A pesquisa faz parte de estudos sobre a genética de várias doenças neuropsiquiátricas realizados pelo Laboratório de Neurociências do IP, dirigido por Gattaz, e que foi inaugurado há 4 anos com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). "Nesse caso, pesquisamos 312 indivíduos, dos quais 164 apresentam o transtorno bipolar", explica Gattaz. "Os outros 148 não têm a doença e serviram para o controle do estudo."
Amostras do DNA das pessoas estudadas foram comparadas com descrições de genes do genoma humano reunidas em bancos de dados internacionais. Eles constataram que uma versão um pouco diferente do gene ALOX12 facilita o desenvolvimento do distúrbio bipolar. A causa provável disso é que a versão diferente do gene contém uma enzima que está envolvida na morte programada (apoptose) das células nervosas (neurônios), um dos sinais característicos de várias doenças psiquiátricas.
Ou seja, a morte de neurônios antes do tempo é um dos fatores que pode facilitar o desenvolvimento de doenças mentais. "A morte programada de células, incluindo neurônios, faz parte do desenvolvimento normal do organismo", explica Dias Neto.
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O Liberal (PA)