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Pesquisadores descobrem abelha soldado em população da spécie jataíe

Publicado em 16 janeiro 2012

A descoberta de uma casta morfológica de soldados em população de abelhas foi anunciada na edição desta semana do Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS), um dos mais citados e prestigiados periódicos científicos do mundo. O artigo é de autoria de Cristiano Menezes, desde 2011 pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, de Belém, PA, e de colaboradores da Universidade de São Paulo e Universidade de Sussex, da Inglaterra.

É a primeira vez que uma abelha soldado é descrita. "Tem características físicas apropriadas à defesa do ninho. Já se conhecia uma casta morfológica para soldados entre insetos, mas apenas em algumas espécies de formigas e de cupins, em abelhas ainda não", afirma o pesquisador.

A descoberta ocorreu em 2009, em uma população de abelhas sem ferrão jataí, quando Menezes era doutorando da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em Ribeirão Preto (SP), e durante uma das visitas ao Brasil de Francis Ratnieks, pesquisador da Universidade de Sussex, em viagem então financiada pela Fapesp.

Menezes conta que o projeto inicial consistia em comparar as abelhas guardas que sobrevoam o ninho de jataís às que ficam paradas junto à entrada. Ao observar que as abelhas guardas eram maiores que as abelhas forrageiras (que saem do ninho para buscar alimento), ele passou a coletar e a medir abelhas de diferentes ninhos. "Verificamos, eu e Christoph Grüter, pós-doutorando do grupo da Universidade de Sussex, que estávamos à frente do primeiro caso de uma casta de soldados nas abelhas sociais", relata.

A análise estatística minuciosa e os experimentos realizados demonstraram que há uma casta de soldados nas abelhas jataís. Analisando os favos de cria, os autores verificaram que 1% das abelhas operárias produzidas na colônia são guardas. "O significado atribuído a esta casta de soldados foi a defesa contra a invasão do ninho por abelhas ladras do gênero Lestrimelitta, que, por não coletarem alimento nas flores, vivem do saque de alimento de outros ninhos", explica o pesquisador.

Os cientistas também concluíram que as abelhas guardas jataí são 30% mais pesadas do que as forrageiras e têm morfologia ligeiramente diferente, com pernas maiores e cabeça menor. "As guardas jataí ficam paradas sobre o tubo de entrada ou sobrevoando ao redor da colônia, onde promovem a defesa do ninho contra abelhas ladras (Lestrimelitta limao). Quanto maior é a abelha guarda, mais eficiente ela é na defesa da colônia", descreve Menezes.