Pesquisadores da USP em uma parceria internacional, desenvolveram nova técnica capaz de detectar interação entre proteínas e metabólitos celulares. MIDAS e as recentes descobertas foram publicadas em artigo na revista Science.
Bilhões de reações ocorrem todos os dias em nossas células. Algumas dessas interações podem iniciar ou indicar o desenvolvimento de uma doença.
Devido a isso, pesquisadores tem se debruçado para o desenvolvimento de técnicas e abordagens que possam reconhecer, quiçá prever, quais dessas ligações podem ser benéficas ou não.
Mas existem muitos desafios para se entender todas as reações, interações e o funcionamento celular em determinadas condições, como por exemplo: a sensibilidade dos instrumentos e técnicas de detecção.
Maria Cristina Nonato, coautora do artigo e professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, explicou em entrevista ao jornal da USP que as vias metabólicas se comunicam, alcançando assim um equilíbrio.
"No entanto, essas interações são de baixa afinidade, muito difíceis de se detectar com as técnicas usadas atualmente. É uma conversa muito sutil, como um cochicho", explica Nonato ao jornal da USP.
De olho nessas limitações, a colaboração internacional desenvolveu uma nova técnica, chamada de MIDAS (diálise acoplada a espectrometria de massas para a descoberta alostérica sistemática, em tradução literal).
A MIDAS consegue captar esse cochicho e demonstrar as reações entre as proteínas e os produtos resultantes do metabolismo. A princípio a equipe observou o comportamento celular na metabolização de carboidratos, analisando 33 enzimas e 400 metabólitos.
Os pesquisadores conseguiram identificar 830 interações entre proteínas e metabólitos, que além das já conhecidas, incluiu novas observações sobre regulação e geração de produtos e subprodutos, entre outras interações.
A pesquisa tem suma relevância, pois saber como as vias metabólicas se comunicam, regulam e interagem bioquimicamente, pode ser a chave para se compreender como determinadas doenças se desenvolvem.
Conhecendo o mecanismo da doença e do processo de adoecimento, pode-se pensar em tratamentos com alvos terapêuticos mais claros, obtendo melhores resultados e manejo efetivo de doenças e condições de saúde. Os cientistas estão otimistas com a MIDAS e as possibilidades que a detecção mais sensível.
A pesquisa continuará com foco em outras vias metabólicas, analisando também proteínas e potenciais usos para as interações entre enzimas e metabólitos.