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A Cidade On (São Carlos, SP)

Pesquisadores de São Carlos estudam alternativa para combater a malária

Publicado em 12 junho 2018

Um artigo publicado no Journal of Medicinal Chemistry, da autoria de um grupo de pesquisadores brasileiros, com a participação dos docentes e pesquisadores do Institurto de Física de São Carlos (IFSC/USP), da UNICAMP e da Faculdade de Farmácia da USP, indica a descoberta de derivados de produtos naturais marinhos com atividade contra a malária. O trabalho contou com apoio financeiro da FAPESP, CNPq e Instituto Serrapilheira.

A malária é um problema de saúde pública global que apresenta altas taxas de mortalidade, principalmente em países do continente africano. A doença é causada por um parasita chamado Plasmodium. Através da pesquisa, foi avaliada a atividade inibitória de moléculas existentes nos produtos estudados contra o agente causador da malária. O objetivo é aumentar a potência em matar o parasita e, ao mesmo tempo, manter baixa a propriedade tóxica contra células saudáveis.

O trabalho dos pesquisadores permitiu a descoberta de novas moléculas com potência aprimorada e baixa toxicidade. O composto mais potente identificado é um inibidor de ação rápida com atividade contra a forma do parasita que se localiza no sangue e fígado do paciente. Além disso, a molécula mostrou um efeito aditivo, quando testada em combinação com o medicamento padrão para o tratamento da malária (ex. artesunato), ou seja, a combinação com o fármaco padrão, aumentou a capacidade de inibição do crescimento do parasita.

Por fim, a molécula foi testada em modelo animal da doença, no qual foi possível verificar que todos os animais sobreviveram após o tratamento e, além disso, a molécula desenvolvida foi eficaz em reduzir a infecção nos animais. Todos os dados indicam que a molécula derivada de produto natural marinho tem potencial para ser uma nova alternativa para o tratamento da malária.

As próximas fases do estudo incluem o melhoramento de propriedades químicas e biológicas dessa molécula, de modo que ela possa ser segura e eficaz no tratamento do paciente com malária.

Malária

Em 2016, a doença matou 445.000 pessoas, número que equivale a 1 morte por minuto. A grande maioria dessas mortes ocorreram em crianças com menos de 5 anos de idade. No mesmo ano foram reportados 118 mil novos casos de malária no Brasil. No ano passado o número aumentou para 175 mil casos, ou seja, um acréscimo de cerca de 50%. Neste cenário, novas formas de tratamento são extremamente necessárias.