Pesquisadores do Instituto de Química de Araraquara em parceria com profissionais do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, de São José do Rio Preto, ambos vinculados à Universidade Estadual Paulista (Unesp), estão testando dezenas de peptídeos bioativos, que são partes de uma determinada proteína, para avaliar sua possível ação contra o novo coronavírus.
O estudo é apoiado pela Fapesp e coordenado pelo pesquisador Eduardo Maffud Cilli, diretor do instituto de química da universidade.
De acordo com ele, o grupo estuda a função desses peptídeos para combater micróbios, bactérias, fungos e, agora, vírus. Bons resultados "in vitro" foram anotados no combate ao vírus zika e ao da hepatite C. A pesquisa ainda está na fase inicial no instituto.
"Nos já vimos que tem peptídios que atuam contra a hepatite C e também sabemos que tem contra o zika e agora estamos pesquisando a atividade destes peptídios contra o coronavírus", explica Cilli.
O pesquisador afirma que um dos compostos com grande potencial é o ácido gálico-hecate, que apresenta baixa toxicidade em células sadias e já se mostrou um poderoso agente antiviral.
"Tem um fragmento de um peptídio que mostrou uma atividade muito boa contra o zika e agora esperamos que tenha resultados bons também contra o coronavírus", reforça Cilli.
Ensaios com linhagens celulares de pulmão humano e de rim de macacos já foram iniciados e o próximo passo é avaliar a ação dos compostos que apresentarem baixa toxicidade em células infectadas pelo coronavírus.
O objetivo dos pesquisadores é contribuir para a descoberta de agentes com potencial de combater o coronavírus e de um medicamento que possa ser eficaz em pessoas já contaminadas pela covid-19. Esse remédio funcionaria junto com a vacina, no futuro.
"O desenvolvimento de novas moléculas contra a covid é essencial porque a vacina está sendo desenvolvida, mas as pessoas doentes precisam de um tratamento. Além disso, outras variedades de covid podem vir no futuro e precisamos ter uma boa pesquisa para que o processo que estamos passando hoje não se repita", diz o diretor do instituto de química.
Ao todos oitos pessoas, entre professores e estudantes, estão envolvidas nas pesquisas em Araraquara e em São José do Rio Preto.