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A Cidade On (São Carlos, SP)

Pesquisadores da USP desenvolvem drones para detectar incêndios e monitorar gases de efeito estufa (1 notícias)

Publicado em 17 de junho de 2025

Os dados são processados por sistemas de inteligência artificial que analisam a origem e a intensidade das emissões

Uma tecnologia inovadora desenvolvida em São Carlos poderá reforçar, em breve, as ações de prevenção e combate a incêndios florestais no município e na região. Pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) estão criando drones equipados com sensores de gás e sistemas de inteligência artificial capazes de identificar, em tempo real, focos de queimadas e monitorar a emissão de gases de efeito estufa.

O projeto é coordenado pelo professor Glauco Augusto de Paula Caurin e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), no âmbito do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), em parceria com a Shell.

Os drones utilizam sensores de baixo custo desenvolvidos pelos próprios pesquisadores e operam como um “nariz eletrônico”, capaz de medir continuamente concentrações atmosféricas de gás carbônico, metano e outros parâmetros como temperatura e umidade. Os dados são processados por sistemas de inteligência artificial que analisam a origem e a intensidade das emissões, facilitando a identificação de queimadas e outras fontes de poluição.

“Já estabelecemos contato com a Defesa Civil, a Prefeitura e a Secretaria de Meio Ambiente de São Carlos. Submetemos uma proposta para aplicar esses drones no monitoramento de focos de incêndio no município”, informou Caurin à Agência FAPESP.

De acordo com o pesquisador, a tecnologia oferece vantagens significativas em relação aos métodos tradicionais, como satélites, aviões e torres de observação. “Os drones permitem detectar incêndios de forma mais rápida, com possibilidade de sobrevoos frequentes e em diferentes altitudes, além de permitir a delimitação precisa das áreas de interesse”, explicou.

Os testes iniciais foram realizados nas imediações do campus da USP em São Carlos, região que marca a transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado. Um dos diferenciais do projeto é a capacidade de oferecer uma leitura volumétrica da distribuição de gases, superando as limitações dos satélites, que fornecem apenas uma média superficial.

Apesar do sucesso dos testes, os drones comerciais atuais ainda enfrentam desafios, como a autonomia de voo — geralmente limitada a 15 ou 30 minutos. Por isso, os pesquisadores também trabalham em melhorias aerodinâmicas para aumentar o tempo de voo e possibilitar a cobertura de áreas maiores.

Com a evolução da tecnologia, o grupo planeja expandir as missões para áreas mais extensas, incluindo a floresta amazônica. “No futuro, com drones mais robustos, poderemos contribuir diretamente para a preservação de biomas sensíveis e o monitoramento climático em escala regional e nacional”, finalizou Caurin.