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Pesquisadores da USP cultivam o vírus monkeypox em células e distribuem amostras para outros laboratórios (102 notícias)

Publicado em 20 de junho de 2022

Por Karina Toledo | Agência FAPESP

– Depois de concluir o primeiro sequenciamento genômico do vírus monkeypox (MPXV) no Brasil, cientistas da Universidade de São Paulo (USP) estão se dedicando a cultivar em linhagens celulares o agente causador da varíola dos macacos. O objetivo é distribuir amostras para laboratórios públicos e privados de todo o país, que poderão ser usadas tanto em testes diagnósticos como em pesquisas voltadas a entender a evolução viral e a desenvolver novos tratamentos e vacinas.

O trabalho vem sendo conduzido no Laboratório de Virologia (LIM52) do Instituto de Medicina Tropical (IMT-USP), sob o comando da virologista Lucy dos Santos Vilas Boas.

“Recebemos a amostra clínica do primeiro paciente diagnosticado no país e a inoculamos em uma cultura de células vero [linhagem oriunda de rim de macaco e usada como modelo para pesquisas com vírus]. Após 24 horas, já era possível observar alterações morfológicas nas células que são típicas do monkeypox. A confirmação foi feita por RT-PCR”, conta Vilas Boas à Agência FAPESP.

O teste de RT-PCR específico para o MPXV foi desenvolvido no Hospital Israelita Albert Einstein pela equipe do médico João Renato Rebello Pinho, que também é pesquisador no IMT-USP. O método é o mesmo usado no diagnóstico da COVID-19 e de inúmeras outras doenças, mas cada patógeno requer reagentes específicos para que o material genético presente na amostra clínica possa ser amplificado e detectado em laboratório.

“Até aquele dia [10/06] nenhum centro do país tinha o kit de RT-PCR para esse vírus montado. Nós já havíamos estudado a sequência [de nucleotídeos complementar à do DNA viral, que é necessária para a amplificação do material genético durante o teste] e pedido para uma empresa nacional sintetizar. O que estava faltando era o controle positivo, que veio com o primeiro caso confirmado no país. É ele que garante que o teste está funcionando”, explica Pinho. “Assim como aconteceu no caso da COVID-19, está havendo uma grande colaboração entre instituições públicas e privadas, o que é fundamental.”