Ferramenta desenvolvida pela Faculdade de Saúde Pública tm objetivo de ajudar profissionais de epidemiologia nutricional e saúde
Diante da necessidade de avaliar os hábitos alimentares de crianças para ajudar profissionais das áreas de epidemiologia nutricional e saúde, pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) desenvolveram um instrumento para auxiliar na coleta de dados.
A coordenadora do projeto, Betzabeth Slater Villar, explica que o software Nutrisim — Sistema para o Monitoramento da Saúde e Nutrição Escolar — leva em conta 12 aspectos que acompanham o consumo alimentar. São questionários que avaliam o estado nutricional, a prática de atividades físicas, crescimento e desenvolvimento da criança, condições socioeconômicas, violência doméstica, uso de bebidas alcoólicas e drogas, insegurança alimentar e comportamento sexual.
— Avaliar o consumo nessa faixa etária é muito difícil, pois as crianças estão em pleno desenvolvimento cognitivo e a memória é o que mais atrapalha a avaliação do consumo alimentar. Elas não respondem corretamente porque não se lembram ou não têm uma imagem construída do que comeram — comenta Villar.
O estudo para o desenvolvimento e a usabilidade do software envolveu testes com 200 crianças com idade entre sete e 15 anos de duas escolas da rede pública de Guarulhos. Segundo a professora, o Nutrisim avaliou o consumo do dia anterior às respostas, por meio de um método denominado Recordatório de 24 horas Estruturado. Nele, a criança avaliada descreve detalhadamente a alimentação nas últimas 24 horas, informando o tipo de alimento, preparações e porções.
O software vem acompanhado de um álbum fotográfico digital de alimentos. Se, por exemplo, a criança responde que consumiu leite durante o café da manhã, o Nutrisim abre uma nova janela, na qual constam imagens de diferentes porções desse alimento. A criança, então, seleciona uma dessas porções para, em seguida, o programa gerar os valores nutricionais para aquela quantidade.
— Trata-se de um instrumento que poderá apoiar pesquisas epidemiológicas, incluindo grandes inquéritos e estudos multicêntricos, pois o programa produz uma base genérica capaz de ser adaptada de acordo com os objetivos de cada estudo — destaca a pesquisadora.
A pesquisa foi desenvolvida com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). As informações são da Agência Fapesp.