Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um desinfetante que, ao ser aplicado sobre uma superfície na forma aquosa, transforma-se imediatamente em gel. Tal característica evita que o produto escorra rapidamente pelo material, prolongando sua permanência e aumentando a eficiência no controle de microrganismos. Por outro lado, lhe possibilita alcançar frestas, poros e ranhuras que uma formulação com alta viscosidade dificilmente conseguiria penetrar.
“O objetivo da pesquisa foi desenvolver um desinfetante com alto poder bactericida que, ao ser aplicado na forma aquosa, reagisse no local formando instantaneamente um gel, com uma composição menos tóxica e menos corrosiva para a limpeza de ambientes e diferentes superfícies”, comenta o Dr. Edvaldo Sabadini, professor do Instituto de Química (IQ-Unicamp) .
O invento, explicou o cientista, se baseia em um dos fundamentos da química. “O mesmo mecanismo que levou à formação das membranas nos organismos mais primitivos que deram origem à vida, denominado ‘efeito hidrofóbico’, promove a formação do gel bactericida.” Trata-se da criação de micelas gigantes, agregados moleculares também conhecidos por seu formato alongado.
O trabalho foi poiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) no âmbito do Projeto Temático “ Organizando a matéria: coloides formados por associação de surfactantes, polímeros e nanopartículas ”.
A nova formulação contém dois compostos muito conhecidos no mercado por seu poder bactericida, sendo usados em enxaguantes bucais. São eles o cloreto de cetilpiridínio e o timol. “A literatura já relata a ação bactericida do cetilpiridínio e do timol há muito tempo. Acreditávamos que as duas substâncias bactericidas apresentavam todas as características estruturais necessárias para a formação das micelas gigantes em água”, destacou o professor Edvaldo Sabadini.