Notícia

PC Notícias (SP)

Pesquisadores da Unesp do interior de SP descobrem potencial de óleo no combater ao vírus da zika (26 notícias)

Publicado em 06 de abril de 2024

Por isso, a pesquisadora do Laboratório de Estudos Genômicos da Unesp, Marília de Freitas Calmon, explicou ao g1 que a pesquisa pode representar uma evolução, já que o óleo indica caminhos para o desenvolvimento de terapias para a doença, e abre caminho para o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas.

“O grupo de pesquisa ficou muito satisfeito com estes resultados e isto nos motiva a continuarmos realizando estudos para a descoberta de novos antivirais, sejam naturais ou sintéticos para a prevenção ou tratamento de doenças infecciosas”, celebrou a pesquisadora.

Conforme a pesquisadora, o estudo faz parte de uma das linhas de pesquisa do laboratório que é a identificação de novos antivirais contra diversos vírus, principalmente contra os arbovírus zika, chikungunya e mayaro, que causam doenças em humanos e que ainda não possuem um tratamento específico.

A pesquisa foi iniciada com ensaios que confirmaram a estabilidade das nanoemulsões - dispersões onde o tamanho das gotas estão em escala nanométrica - do óleo por 60 dias, quando armazenadas a 4°C, e sua capacidade de ser internalizada pelas células infectadas pelo vírus.

Na sequência, foram feitos tratamentos simultâneos com a nanoemulsão em células infectadas a uma concentração máxima, não tóxica, de 180 microgramas por mililitro. Os resultados foram comparados com os de outra formulação sem o óleo de copaíba.

No resultado do teste, foi observada uma inibição viral de 80% para a versão com o óleo e de 70% para a versão sem, ou seja, tanto a estrutura da nanoemulsão quanto sua associação com o óleo apresentaram a atividade.

Segundo a FAPESP, os pesquisadores também fizeram um teste de dose-dependência para verificar se uma concentração aumentada melhoraria a capacidade de inibição nos níveis de RNA viral, o que foi confirmado.

Segundo a FAPESP, apesar dos resultados promissores, os pesquisadores são cautelosos: como a nanoemulsão sem óleo também apresentou atividade antiviral, existe a possibilidade de parte do efeito estar relacionada à composição da lecitina do ovo presente na estrutura da nanoemulsão.

Outros estudos já demonstraram, inclusive, capacidade inibitória de nanoemulsão lipídica derivada de alimentos naturais.

Além disso, faltam detalhes sobre como a replicação do vírus da Zika é inibida. A coordenadora da pesquisa explica que são necessários estudos adicionais para identificar, por exemplo, em quais etapas isso ocorre.

“Com essas informações, seria possível determinar a maneira como um futuro medicamento poderia ser utilizado: como pré-tratamento ou após a infecção”, acredita a pesquisadora.