Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram dois protocolos que viabilizaram a criação de um selo de denominação de origem para o filé de tilápia produzido no reservatório da Usina Hidrelétrica de Chavantes, localizado na região sudoeste de São Paulo, na divisa com o Paraná.
O projeto foi realizado em parceria com instituições de pesquisa nacionais e internacionais, empresas e órgãos governamentais, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). A pesquisa foi conduzida no município de Fartura (SP), um dos 15 banhados pelo reservatório, escolhido devido à estabilidade do regime hídrico, que se mantém mesmo em períodos de estiagem.
Certificação e protocolos de produção
Para validar a exclusividade do produto, foi criado o selo “Filé de Tilápia Chavantes” , registrado como marca mista de certificação no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Segundo Guilherme Wolff Bueno, professor da Faculdade de Ciências Agrárias do Vale do Ribeira (FCAVR/Unesp) e coordenador do estudo, a certificação garante autenticidade e valor de mercado ao produto.
Os produtores interessados no selo precisam seguir dois protocolos estabelecidos pelos pesquisadores:
Protocolo de manejo : define as condições ideais para a criação dos peixes, incluindo densidade de animais por tanque-rede, composição nutricional da alimentação e qualidade da água.
Protocolo de qualidade do filé : estabelece padrões mínimos a serem atingidos, baseados em análises químicas e metabólicas do produto.
Com esses dados, os produtores podem elaborar um “caderno de especificação”, documento necessário para a certificação junto ao Inpi.
Indicação geográfica e impacto no setor
A certificação se enquadra na categoria de denominação de origem , um dos dois tipos de indicação geográfica existentes no Brasil. Essa classificação é concedida a produtos cujas características específicas resultam diretamente do meio geográfico, incluindo fatores naturais e humanos.
Segundo os pesquisadores, a metodologia pode ser aplicada a outras regiões do Brasil para a criação de novos selos de denominação de origem na aquicultura. Atualmente, não há protocolos específicos para auxiliar produtores na obtenção dessas certificações no país.
O projeto integra a iniciativa “Plataforma IoT de predições da capacidade de suporte bioeconômica e serviços ecossistêmicos sob diferentes cenários climáticos, zootécnicos e financeiros de fazendas aquícolas em ambiente neotropical” , e foi conduzido por Tavani Rocha Camargo e Guilherme Wolff Bueno.
Redação com informações do Poder 360