Projeto da USP identicou mil pontos de risco durante as chuvas
Um inventário produzido por pesquisadores dos institutos de Astronomia, Geofísica e
Ciências Atmosféricas (IAG) e de Geociências (IGc) da Universidade de São Paulo
(USP) identicou mil pontos de escorregamento de solo na cidade de São Sebastião,
no litoral norte paulista. O levantamento foi feito usando imagens aéreas feitas logo
após desastre ocorrido por causa das fortes chuvas em fevereiro de 2013, que
provocou a morte de 64 pessoas .
O inventário que mapeou os pontos de deslizamento no município foi publicado no
Brazilian Journal of Geology e carão também disponíveis no Zenodo , um
repositório de publicações e informações de acesso aberto criado para facilitar o
compartilhamento de dados e software.
Em entrevista à Agência Brasil , o coordenador do projeto e professor do Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo
(IAG/USP), Carlos Henrique Grohmann, disse que a maior parte desses pontos de
escorregamento não estão em áreas urbanas, mas são importantes de serem
identicados para orientar políticas públicas para a região.
25/09/2024 às 07h42
Por: Redação Fonte: Agência Brasil
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Quarta, 11 de Dezembro de 2024
11/12/2024, 06:37 Pesquisadores criam modelo que prevê deslizamentos em São Sebastião
https://tritv.digital/noticia/1017/pesquisadores-criam-modelo-que-preve-deslizamentos-em-sao-sebastiao 1/7
“Em fevereiro do ano passado choveu absurdamente em São Sebastião. Foram 683
milímetros (mm) em menos de 15 horas, o que é mais ou menos metade do que se
espera para o verão inteiro. Choveu em uma noite o que se espera para os três meses
de verão. Então teve muito escorregamento”, explicou o professor. De acordo com
Grohmann, como foi uma chuva muito fora do padrão, não só em volume, mas
também muito concentrada, o solo não aguentou, encharcado. "Escorregou em cima
das áreas urbanas, das áreas de ocupação regular e teve também muitos
escorregamentos fora. Mas esse foi o lado menos pior: a maioria dos
escorregamentos estão fora de áreas habitadas”, explicou..
Os deslizamentos são processos geológicos comuns em regiões montanhosas,
especialmente com clima tropical, como na Serra do Mar, onde está localizada a
cidade de São Sebastião. “Na região [do litoral norte paulista], onde há morros com
declividade alta, muito inclinados, a chance de escorregar é grande. E você junta isso
a chuvas mais fortes, mais concentradas, de grande volume. Se chover mais, vai
escorregar mais. Então, entender onde pode escorregar pode ser importante para os
planejamentos [de políticas públicas]”, disse o pesquisador.
Segundo ele, o projeto que a USP está desenvolvendo procura mapear principalmente
essas áreas propensas a escorregamentos que estão em áreas naturais, já que as
áreas urbanas já foram mapeadas. “As áreas urbanas já estão mapeadas como áreas
de risco. Agora as áreas naturais, as áreas não habitadas, onde será que pode
escorregar? Essa é uma análise que a gente chama de suscetibilidade a
escorregamento”, falou.
© Rovena Rosa/Agência Brasil
11/12/2024, 06:37 Pesquisadores criam modelo que prevê deslizamentos em São Sebastião
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Mapeamento de melhor precisão
As áreas naturais - e não habitadas - só conseguiam ser mapeadas após a ocorrência
de um escorregamento. Então, foi preciso uma grande quantidade de
escorregamentos para que elas pudessem ser mapeadas. “A gente olha onde
aconteceu o escorregamento e olha como é o terreno. E aí, usando essas
características, a gente tenta mapear outros lugares com características similares
para dizer: ‘esse lugar também é um lugar que pode um dia escorregar se chover
bastante’”, explicou o professor.
Mas agora, esse mapeamento poderá ser feito de forma diferente e com maior
exatidão. Em uma parceria feita com o Instituto Geográco e Cartográco de São
Paulo (IGC-SP), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (FAPESP), a cidade de São Sebastião poderá ser mapeada com uma tecnologia
chamada Light Detection and Ranging (LiDAR), feita por meio de um avião ou
helicóptero com um sensor laser acoplado. Essa tecnologia usa luz na forma de laser
pulsado para medir alcances (distâncias) da Terra, obtendo dados com alta precisão.
“Você tem uma precisão muito grande, um nível de detalhe muito grande também. E
isso a gente não tinha antes. Aí veio o diferencial. Até hoje, a gente só tem dados que
mostram como é o relevo, com menos detalhes. Agora, com esse laser, a gente vai
conseguir fazer e ver a topograa com pixel na casa de um metro. Quer dizer que ela
vai car mais precisa, vai melhorar muito o nível de detalhe de como vemos a
superfície e o relevo”, disse Grohmann. "E então vamos criar um modelo baseado nos
dados do escorregamento de São Sebastião. E como a região da Serra do Mar é
muito parecida em termos da própria morfologia, o tipo de morro, a chuva, a
vegetação, então será possível expandir esse modelo para outras áreas da Serra do
Mar”.
Em São Sebastião, o último levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT) mostra que o município tinha cerca de 2,2 mil casas em 21 áreas
de risco de deslizamento em 2018. O órgão foi contratado em fevereiro deste ano
pela prefeitura para atualizar esse mapa de risco após a tragédia.
Por meio de nota, a prefeitura de São Sebastião disse que não foi procurada ainda
pelo grupo de estudo para colaborar com a pesquisa, mas “entende que é de extrema
importância uma análise detalhada de um grupo tão importante quando este,
formado pela USP” e que está aberta para colaborar, junto com sua Defesa Civil.
A administração municipal também informou que tem realizado ações para evitar
novas tragédias, como a que ocorreu no ano passado. “Mas independente dessa
análise, desde o começo do ano, o IPT está no município para fazer a atualização das
áreas de risco uma vez que a tragédia mudou o perl registrado anteriormente.
Lembrando que a medida faz parte da revisão do Plano Municipal de Redução de
11/12/2024, 06:37 Pesquisadores criam modelo que prevê deslizamentos em São Sebastião
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Risco (PMRR). Paralela a essas ações, a prefeitura, por meio da Defesa Civil, tem
realizado simulados em áreas conhecidas por isso como forma de preparação da
comunidade - foram nove em 2013 e sete neste ano”, destacou a prefeitura, em nota.
Além disso, escreveu o município, uma parceria feita com o governo estadual
possibilitou a implantação de uma sirene na Vila Sahy, bairro que foi o mais afetado
pela catástrofe do ano passado, e a criação de uma estação meteorológica em
Ilhabela para melhorar as previsões do tempo na região. Há também uma parceria
feita com o governo federal para a implantação do programa Defesa Civil Alerta, que
visa acionar os celulares de moradores da cidade sobre como agir na iminência de
um desastre climático.
“O município fez a recuperação das áreas atingidas com investimento que
ultrapassam os R$ 200 milhões e, por meio da Secretaria de Educação, tem levado a
prevenção para dentro das escolas, trabalhando com os alunos sobre riscos e formas
de prevenção e evacuação, pois as crianças são multiplicadores dentro de casa”,
completou a prefeitura.