Pesquisadores brasileiros do Instituto Adolfo Lutz, do Instituto de Medicina Tropical da USP e da Universidade de Oxford conseguiram, em apenas 48 horas após o primeiro caso confirmado de infecção pelo Covid-19 no país, sequenciar o genoma do novo coronavírus.
Eles fazem parte do projeto Cadde (Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus), apoiado pela Fapesp e pelo Medical Research Centers, do Reino Unido, que desenvolve novas técnicas para monitorar epidemias em tempo real.
“Os dados de genomas completos do SARS-CoV-2 dos casos de COVID-19 são essenciais para o desenvolvimento de vacinas e de testes diagnósticos. Esses dados são importantes para a compreensão da dispersão do vírus e para detectar mutações que possam alterar a evolução da doença”, diz o Instituto de Medicina Tropical, ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Primeiro paciente
O primeiro caso de COVID-19 no Brasil teve diagnóstico molecular confirmado pelo Instituto Adolfo Lutz no dia 26 de fevereiro de 2020. Refere-se a um paciente de 61 anos infectado com o vírus durante uma visita à região de Lombardia, no norte da Itália, entre os dias 9 e 21 deste mês. O genoma completo do vírus foi disponibilizado à comunidade científica no dia 28 de fevereiro de 2020.
É geneticamente parecida com a de um genoma sequenciado na Alemanha. Pesquisadores italianos já isolaram o vírus que circula no país, mas não depositaram ainda o sequenciamento do genoma em nenhum banco público para comparação.
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O caso brasileiro, até aqui, é único no que se refere à velocidade de resposta a essa análise. Grupos internacionais têm demorado em média 15 dias para gerar e submeter as suas sequências relativas a casos de Covid-19, o que destaca a relevância científica da pesquisa brasileira.
Pouco revelador
Ao Estadão, a pesquisadora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical, disse que “uma sequência só não revela muita coisa, mas a importância é mostrar que rapidamente somos capazes de fazer e colocar isso à disposição de outros cientistas do mundo. Quanto mais genomas tivermos, mais podemos entender como a epidemia vai evoluindo no mundo. Por isso precisamos ter isso muito rapidamente”.
“Temos trabalhado para desenvolver uma tecnologia rápida e barata. Todos os casos que forem confirmados no Adolfo Lutz serão sequenciados. A ideia é fornecer informações que possam ser usada para entender a epidemia em curso, para que outros cientistas possam comparar os dados. Essa cadeia de informação de todo mundo junto é importante para o mundo poder responder à epidemia”, diz.
Segundo ela, mesmo pouco revelador, o genoma mostra que há pequenas mutações, mas a taxa de variação deste vírus é até baixa.