Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), as substâncias que afetam a camada de ozônio já foram reduzidas em 90% no Planeta. No entanto, nos países em desenvolvimento ainda são usados produtos nocivos, em especial o fertilizante brometo de metila e os gases dos refrigeradores.
Tanto que em outubro do ano passado, os cientistas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), constataram que o buraco, localizado sobre o continente antártico, atingiu, na ocasião, o seu tamanho recorde, com 28,5 milhões de quilômetros quadrados, uma área superior a toda a América do Norte.
De acordo com os técnicos do Pnuma, mesmo com o banimento de todas as substâncias nocivas ao meio ambiente, a situação só se normalizará dentro de aproximadamente 50 anos.
Porém, se nada for feito para impedir o aumento na incidência de raios ultravioletas do Sol, estima-se um aumento de 26% nos casos de câncer de pele e em 2 milhões nos casos de catarata a cada ano.
O coordenador do programa para o ozônio no Chile (um dos países, ao lado do sul da Argentina, mais próximos da Antártica), Jorge Leyva, disse que a comunidade deve pressionar as empresas a só utilizarem produtos que não afetem o ambiente, além de exigir dos governos um monitoramento constante do problema.
Nesse sentido, dois técnicos da Divisão de Geofísica Espacial do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Luiz de Souza Mangueira e José Roberto Chagas, embarcaram na última segunda-feira para a Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz.
A missão dos pesquisadores é realizar lançamentos de sondas que viabilizem estudos sobre a dinâmica do buraco na camada de ozônio e o impacto da radiação ultravioleta no solo da região.
A viagem dará continuidade ao Projeto Radiação Ultravioleta e Ozônio na Antártica, promovido pelo Proantar (Programa Antártico Brasileiro) e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A campanha de monitoramento, realizada na Estação Comandante Ferraz, é feita com instrumentos instalados no solo e por 20 sondas lançadas de balões meteorológicos.
"A instrumentação de solo mede a radiação ultravioleta durante todo o ano. A camada de ozônio é estudada apenas durante o aparecimento do buraco na primavera, período que vai de setembro a novembro", disse a coordenadora do Programa Antártico do Inpe, Neusa Paes Leme, à Agência Fapesp.
A observação contínua deverá permitir o acompanhamento da variação anual e sazonal da radiação ultravioleta. Os pesquisadores esperam com esses dados avaliar o comportamento do buraco na camada de ozônio e também sua conexão com o sul do continente americano e o Brasil - um dado ainda pouco conhecido.
Notícia
A Tribuna (Santos, SP)