São Paulo, 17 jun (Xinhua) -- Pesquisadores brasileiros desenvolveram um tecido com micropartículas de prata que elimina com 99,9% de eficácia o contágio por contato do coronavírus, que causa a COVID-19, o que permitiria em um primeiro momento "blindar" o pessoal médico das ameaças da pandemia com uniformes seguros.
O anúncio foi feito em um comunicado divulgado quarta-feira pela Universidade de São Paulo (USP), segundo a qual o tecido é composto por uma mescla de poliéster e algodão (polycotton) e contém dois tipos de micropartículas de prata impregnadas por imersão, em um processo chamado "pad-dry-cure".
A pesquisa foi realizada pela Startup brasileira Nanox, especialista em tecidos que evitam a proliferação de fungos e bactérias, com apoio do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), da Universitat Jaume I, da Espanha e do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
"Já entramos com o pedido de depósito de patente da tecnologia e temos parcerias com duas tecelagens no Brasil que irão utilizá-la para a fabricação de máscaras de proteção e roupas hospitalares", informou Luiz Gustavo Pagotto Simões, diretor da Nanox.
Segundo a nota, para realizar os testes, a empresa se associou a pesquisadores da USP que, no início da pandemia, conseguiram isolar e cultivar em laboratório o novo coronavírus, obtido dos dois primeiros infectados brasileiros.
Os resultados indicaram que as amostras de tecido com micropartículas de prata desativavam o novo coronavírus depois de dois a cinco minutos de contato, com 99,9% de eficácia.
"A quantidade de vírus que colocamos nos tubos em contato com o tecido é muito superior à que uma máscara de proteção é exposta e, mesmo assim, o material foi capaz de eliminar o vírus com essa eficácia", explicou Lúcio Freitas Junior, pesquisador da ICB-USP.