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Pesquisadores alertam para ressurgimento do vírus 'tipo 3' da dengue em Rio Preto (104 notícias)

Publicado em 23 de janeiro de 2025

Pesquisador Maurício Lacerda explica que, apesar de ter voltado a circular na região em 2023, a última vez que o sorotipo 3 causou uma epidemia significativa em São José do Rio Preto (SP) foi em 2008. Foram coletadas 31 amostras entre novembro de 2023 e novembro de 2024 de pacientes positivos para a dengue tipo 3 nas UPAs em Rio Preto

Rogério Pedrozo/TV TEM

Os pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) alertaram para o ressurgimento da dengue sorotipo 3, um tipo de vírus da doença que pode agravar epidemias e sintomas de pacientes no país.

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Ao g1, o professor da Famerp, virologista do Hospital de Base (HB) e um dos autores do estudo, Maurício Lacerda Nogueira, relatou que o artigo foi publicado na semana passada no Journal of Clinical Virology, uma revista científica internacional.

Conforme o pesquisador, quatro tipos do vírus da dengue são conhecidos, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que estão associados a epidemias. No caso, apesar de ter voltado a circular na região em 2023, a última vez que o sorotipo 3 causou uma epidemia significativa em Rio Preto foi em 2008, ou seja, há pelo menos 17 anos.

A reintrodução do vírus gera um alerta para a população, uma vez que, conforme o professor, é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente. Rio Preto vive uma epidemia de dengue, com 1.684 casos desde o início de janeiro deste ano, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.

Pesquisa

Na pesquisa, financiada pela Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pelo governo americano, os estudiosos observaram o aumento de casos de dengue sorotipo 3 na cidade, ao monitorar pacientes nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e no HB.

Foram coletadas 31 amostras entre novembro de 2023 e novembro de 2024 de pacientes positivos para a dengue tipo 3. Os sintomas mais comuns foram dor muscular, dor de cabeça e febre.

Os resultados das análises indicaram que o sorotipo pertence à mesma linhagem do identificado na Flórida, nos Estados Unidos, e na região do Caribe, e é diferente das cepas que circularam no Brasil durante os anos 2000.

Essas descobertas indicam que o surto de sorotipo na região do Caribe e na Flórida entre 2022 e 2024 provavelmente contribuiu para a introdução e disseminação do vírus por todo o país, avaliam os pesquisadores.

Na região de Rio Preto, o vírus encontra as condições ambientais necessárias para circulação: quente e úmido, uma vez que a temperatura média anual é de pouco mais de 25 graus e chove cerca de dois mil milímetros por ano.

“A combinação de tempo quente e úmido cria condições ideais para a formação de reservatórios de mosquitos transmissores de arbovírus e um local propício para o monitoramento”, explica o pesquisador.