Com políticas públicas adequadas e investimento em novas tecnologias que permitam explorar melhor a biomassa, a produção de biocombustíveis pode fortalecer tanto o desenvolvimento econômico como a segurança alimentar e energética, principalmente em países da América Latina e da África. A afirmação é do professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Luís Augusto Barbosa Cortez e do professor do Imperial College London Jeremy Woods em um painel sobre biocombustíveis realizado na semana passada durante a programação da FAPESP Week London, evento realizado em Londres, Inglaterra.
- Faço essa afirmação com base na experiência do Brasil. A razão para o sucesso do modelo brasileiro, que combina produção de açúcar e de etanol, foi principalmente a relação dinâmica entre os setores de pesquisa e produtivos - afirmou Cortez.
Segundo Cortez, as plantações dedicadas à produção de etanol ocupam apenas 0,4% do território do país e nunca representaram uma ameaça à produção de alimentos.
- Na década de 1970, o Brasil importava 80% da gasolina que consumia. O Proálcool [Programa Nacional do Álcool], além de ajudar a conquistar a independência energética, contribuiu para a industrialização da agricultura brasileira. Foram transferidos para o setor toda uma capacidade de engenharia e de cálculo dos custos de produção e todo um conhecimento sobre máquinas. Hoje 40% das exportações do país correspondem a produtos agrícolas - disse Cortez.
Na avaliação do cientista, vários países africanos e latino-americanos, por possuírem grandes quantidades de terras disponíveis para a produção de biocombustíveis, poderiam se beneficiar com o modelo brasileiro e aliviar sua dependência energética.
AGÊNCIA FAPESP