Agência FAPESP – A bióloga brasileira Annelise Rosa-Fontana, ex-bolsista da FAPESP, foi contemplada com dois projetos de financiamento europeu. O primeiro no âmbito do edital UNA4CAREER, fundo que faz a incorporação de 20 pesquisadores de pós-doutoramento a grupos de pesquisa da Universidade Complutense de Madri (Espanha).
O projeto é cofinanciado pela ação “Horizon 2020 Marie Sklodowska-Curie COFUND”, em um valor acima de € 130 mil. A chamada abrangeu quatro áreas de conhecimento: humanas, ciências sociais, ciências experimentais e saúde.
O segundo financiamento provém do programa Marie Sklodowska-Curie Actions Postdoctoral Fellowship, que oferece aos pesquisadores uma oportunidade única de adquirir e transferir conhecimentos e habilidades e expandir suas redes e fronteiras disciplinares por meio da mobilidade internacional, interdisciplinar e intersetorial.
Os candidatos selecionados representam cerca de 80 nacionalidades. Os projetos abrangem todas as disciplinas científicas: ciências sociais e humanas, ciências da vida, ciências da informação e engenharia, química, física, meio ambiente e geociências, matemática e ciências econômicas.
Rosa-Fontana é especialista em gestão ambiental e atua principalmente nos seguintes temas: ecotoxicologia, avaliação de risco de agrotóxicos, métodos de criação in vitro para abelhas, comportamento e conservação de abelhas e ecologia da polinização.
Em sua pesquisa apoiada pela FAPESP e desenvolvida na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, com supervisão dos professores Osmar Malaspina, da Unesp, e Roberta Nocelli, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a bióloga desenvolveu um planejamento adequado de políticas públicas de proteção às abelhas nativas.
“Ingressei no grupo de pesquisa como bolsista de pós-doutorado da FAPESP no período em que se acentuavam as discussões acerca da inclusão de abelhas nativas sem ferrão em avaliação de risco de agrotóxicos junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais [Ibama]”, comenta Rosa-Fontana para a Agência FAPESP.
“Apenas as abelhas exóticas da espécie Apis mellifera eram utilizadas como modelo de estudo. A partir de então, comecei a desenvolver métodos para avaliação de toxicidade durante o estágio imaturo de abelhas sem ferrão. Comprovamos que os testes já padronizados para Apis não podem ser aplicados às abelhas nativas.”
A pesquisadora explica que, durante a execução dos métodos, o grupo desenvolveu em acrílico um padrão mimético à colmeia, específico para criação de abelhas nativas, resultando em pedido de patente.
Sobre a conquista dos financiamentos europeus, ela disse: “Hoje estou inserida em grupos de pesquisa de instituições internacionais de renome, com pesquisadores mundialmente reconhecidos nas áreas de genética de populações, ecotoxicologia e saúde de abelhas, conquista somente possível pela trajetória trilhada na Unesp”.