São Paulo – A pesquisadora brasileira Fabiana Barreiro foi premiada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, por sua pesquisa sobre o efeito de desinfetantes no trato gastrointestinal dos frangos no período pré-abate. A premiação, na qual ela recebeu o primeiro e o segundo lugar, aconteceu durante a oitava Conferência Internacional de Segurança Alimentar e Exposição de Dubai, de 16 a 19 de novembro.
Barreiro é médica veterinária e doutoranda na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Sua pesquisa, A adição de desinfetantes aprovados para uso em indústrias de alimentos durante o período de dieta hídrica pré-abate de frangos de corte e sua ação nos microrganismos indicadores de contaminação fecal e morfologia do trato gastrintestinal, foi desenvolvida sob a orientação do professor Luiz Augusto do Amaral e coorientação da professora Silvana Artoni, com bolsa concedida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Ela conta que, no período de jejum pré-abate, a ração é tirada do frango para diminuir a probabilidade do rompimento das vísceras e reduzir a contaminação do trato gastrointestinal da ave. “Microrganismos patogênicos podem causar doenças nas pessoas caso as vísceras se rompam, pois o conteúdo fecal pode ter contato com a carcaça”, explica Barreiro.
Os desinfetantes usados na água ingerida pelos animais poderiam ajudar a reduzir o risco de contaminação da carne da ave. Assim, a pesquisa da veterinária visou analisar se estes produtos continuavam tendo efeito no trato gastrointestinal do frango após a ingestão pelo animal.
Após terminar os experimentos no Brasil, Barreiro ficou sabendo do evento em Dubai e decidiu se inscrever. Ela viajou aos Emirados acompanhada de Artoni. Lá, expuseram cinco pôsteres com diferentes partes da pesquisa. Dois deles foram premiados.
O trabalho Ação do jejum pré-abate na população de enterococos em inglúvios de frangos de corte levou o primeiro lugar na competição de pôsteres. O segundo lugar também foi da brasileira, com o trabalho Efeito do iodo fornecido através da água de bebida na desinfecção de inglúvios de frangos de corte. Artoni recebeu o prêmio pela segunda colocação, pois foi a responsável pela apresentação da peça no evento.
Barreiro conta que seus trabalhos ficavam em um espaço de exposição e que as pessoas passavam, liam e tiravam eventuais dúvidas. “Algumas pessoas eram avaliadoras, mas não sabíamos quem elas eram”, diz. Ela só ficou sabendo que seus trabalhos haviam sido premiados pelo anúncio feito durante a cerimônia de encerramento do evento.
A conferência teve a participação e o patrocínio de grandes empresas, como Unilever, Nestlé, McDonald’s, Coca Cola e Pepsi. Assim, Barreiro acredita que trabalhos apresentados possam ter uma boa repercussão.
“Por ser um evento que mesclava a parte empresarial com a parte científica, fiz contato com toda a cadeia produtiva. Assim, a chance de as informações serem usadas e divulgadas é maior”, avalia.
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