O professor Christer Hansson, da Lund University da Suécia, esteve no Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, no período de 4 de novembro a 3 de dezembro último. Ele veio ao Brasil por intermédio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), na qualidade de pesquisador-visitante do exterior para colaborar no projeto “Riqueza e diversidade de Hymenoptera e Isoptera ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica – a floresta pluvial do leste do Brasil”, coordenado pelo pesquisador do Instituto Biológico, Valmir Antonio Costa.
O professor Hansson é a maior autoridade do mundo em taxonomia de Eulophidae (Hymenoptera) da Região Neotropical, revela Valmir Costa. Nos últimos dez anos, ele estudou mais de 75 mil espécimes deste grupo, provenientes da América tropical, principalmente da América Central. Em seu currículo, consta a descrição de 1.005 espécies e 20 gêneros novos para a ciência, além de vários trabalhos de revisão de gêneros.
No Biológico, o pesquisador sueco classificou e identificou até o menor nível possível os cerca de 2.750 espécimes de Entedoninae coletados no projeto, que fazia parte do Programa Biota-FAPESP e havia sido coordenado pelo pesquisador Carlos Roberto F. Brandão, do Museu de Zoologia da USP, explica Valmir Costa. Parte deste material também é objeto de estudo do projeto “Revisão das espécies de Omphale e Perditorulus (Hymenoptera: Eulophidae) da Mata Atlântica”, também com apoio financeiro da FAPESP, coordenado pelo pesquisador do IB, que está em andamento.
O professor Hansson também identificou o gênero dos cerca de 2.000 Eulophidae encaminhados pelo pesquisador Nelson Wanderley Perioto, do Pólo Regional Centro Leste/APTA. Este material foi coletado durante o projeto “Himenópteros parasitóides (Insecta, Hymenoptera) associados a lepidópteros (Insecta, Lepidoptera) em cultivos de café Coffea arabica L. (Rubiaceae) em Cravinhos, SP, Brasil”, também desenvolvido com o apoio financeiro da FAPESP. Assim, foram três os projetos diretamente beneficiados com a visita do professor Hansson ao Brasil, diz Valmir Costa.
Controle biológico de pragas
No Brasil, assim como em quase toda Região Neotropical, há uma falta muito grande de estudos taxonômicos de insetos, segundo o pesquisador do IB. “Dentre aqueles de importância econômica, um dos casos mais notórios talvez seja o do grupo dos himenópteros parasitóides. É muito freqüente um pesquisador científico ou agricultor coletar um parasitóide de uma praga agrícola e não poder determinar a sua espécie ou mesmo o gênero. Em muitos casos, os problemas taxonômicos de parasitóides que atacam pragas agrícolas só podem ser resolvidos quando se conhece as espécies de um gênero de uma forma mais completa.”
“Em outras palavras, não basta coletar parasitóides apenas em áreas de agroecossistemas. É preciso coletar espécimes também em áreas de mata nativa, para que se tenha uma clara idéia de todas ou pelo menos da maioria das espécies de um gênero e assim seja possível revisar o grupo como um todo, descrevendo as espécies que o compõem”, diz Valmir Costa.
Mata Atlântica
O projeto “Revisão das espécies de Omphale e Perditorulus (Hymenoptera: Eulophidae) da Mata Atlântica”, coordenado pelo pesquisador Valmir Antonio da Costa, com o apoio financeiro da FAPESP, pretende contribuir para o aumento do conhecimento da biodiversidade do País através do aumento do número de espécies conhecidas de Entedoninae e Eulophidae da Mata Atlântica. Além do conhecimento das espécies de Omphale e Perditorulus que ocorrem na Mata Atlântica, o projeto tem como objetivos específicos a descrição de espécies novas dos mesmos gêneros e o intercâmbio/integração com especialista estrangeiro conhecedor da fauna da Região Neotropical.
O projeto parte do princípio de que a Mata Atlântica, considerada um “hotspot” pela “Conservation International”, está “altamente ameaçada pela pressão humana e se constitui num tesouro de valor imensurável, com uma elevadíssima biodiversidade”, apesar de ter restado menos de 9% da mata original. Segundo Valmir Costa, a família Eulophidae é a maior dentre os Chalcidoidea, com 297 gêneros e cerca de 4.470 espécies no mundo. “Destes totais, estão registrados, respectivamente, 121 e 1.047 para a Região Neotropical e 64 e 149 para o Brasil. Assim, o Brasil tem registrado apenas cerca de metade dos gêneros e menos de 15% das espécies da Região Neotropical.”
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende/Adriana Nascimento
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